Acustemologia - Steven Feld

Resultado da junção dos termos “acústica” e “epistemologia”, acustemologia é um conceito criado pelo antropólogo estadunidense Steven Feld (1949- ) na década de 1980, que visa compreender como a produção e a escuta do som (que inclui a música) pode ser um instrumento para a produção de…

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Acustemologia - Steven Feld

Resultado da junção dos termos “acústica” e “epistemologia”, acustemologia é um conceito criado pelo antropólogo estadunidense Steven Feld (1949- ) na década de 1980, que visa compreender como a produção e a escuta do som (que inclui a música) pode ser um instrumento para a produção de conhecimento, de relações entre humanos e não humanos, e desses com o ambiente mais amplo. O conceito visa dar conta da existência de um espaço de interações entre os seres permeado pelo som, que não se limita à dimensão física, mas que se estende aos mundos não materiais: seres orgânicos e tecnológicos, vivos e não vivos, o que desafia a oposição entre natureza e cultura. O conceito mostra-se uma forma de entender o mundo não apenas de maneira passiva –  pela escuta dos sons emitidos no espaço acústico…

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AUTORIA

Érico de Souza Brito

Anthropology and development

Último livro da antropóloga britânica Lucy Mair (1901-1986), Anthropology and development [Antropologia e desenvolvimento] (1984), analisa como os antropólogos podem contribuir para os projetos de desenvolvimento em países considerados menos desenvolvidos, os LDCs (less developed countries),…

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Anthropology and development

Último livro da antropóloga britânica Lucy Mair (1901-1986), Anthropology and development [Antropologia e desenvolvimento] (1984), analisa como os antropólogos podem contribuir para os projetos de desenvolvimento em países considerados menos desenvolvidos, os LDCs (less developed countries), especialmente nas antigas colônias britânicas do continente africano. Pouco conhecida – ao contrário de Primitive government (1962), monografia célebre da autora situada no campo da antropologia política, que descreve a inserção do Império Britânico na África Oriental – a obra contribui para uma reflexão a respeito da antropologia realizada fora da academia, do trabalho de mulheres antropólogas, da produção de políticas públicas e da ação de agentes internacionais para o desenvolvimento. Mair foi…

Arte - Alfred Gell

O antropólogo britânico Alfred Gell (1945-1997) desenvolve seu conceito de arte como parte de sua proposta de estabelecimento de uma nova antropologia da arte. Responsável por uma rotação de perspectivas nesse domínio, Gell revisa conceitos como obra de arte, artefato, tecnologia da arte,…

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Arte - Alfred Gell

O antropólogo britânico Alfred Gell (1945-1997) desenvolve seu conceito de arte como parte de sua proposta de estabelecimento de uma nova antropologia da arte. Responsável por uma rotação de perspectivas nesse domínio, Gell revisa conceitos como obra de arte, artefato, tecnologia da arte, estética, encantamento, magia e estilo, o que resulta em uma complexa teoria sobre a agência do objeto artístico. No artigo “A tecnologia do encanto e o encanto da tecnologia” (1992), o autor considera as diversas artes como partes de um vasto e frequentemente não reconhecido sistema técnico, que ele denomina “tecnologia do encanto”. Nessa perspectiva, objetos de arte seriam fruto de uma atividade técnica de transubstanciação engenhosa de materiais e das ideias a eles associados. Gell reivindica aí o…

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AUTORIA

Hélio Menezes e Rafael Hupsel

Barracoon: the story of the last “Black Cargo”

Barracoon: the story of the last “Black Cargo” é o primeiro livro escrito por Zora Neale Hurston (1891-1960), novelista, folclorista e antropóloga, publicado em 2018, oitenta e sete anos após a sua realização. Com financiamentos da Association for the Study of Negro Life and History e da…

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Barracoon: the story of the last “Black Cargo”

Barracoon: the story of the last “Black Cargo” é o primeiro livro escrito por Zora Neale Hurston (1891-1960), novelista, folclorista e antropóloga, publicado em 2018, oitenta e sete anos após a sua realização. Com financiamentos da Association for the Study of Negro Life and History e da American Folklore Society, Hurston, à época uma das únicas antropólogas negras atuando nos Estados Unidos, viaja para os estados da Flórida e do Alabama em 1927 por sugestão de Franz Boas (1858-1942), de quem havia sido aluna, e a pedido do Journal of Negro History. O objetivo era produzir um artigo sobre o último “carregamento” do navio negreiro Clotilda, de 1860, do qual Cudjo Lewis (c.1841-1935) seria o único sobrevivente. Na ocasião Hurston conduziu uma pesquisa histórica a partir de fontes da Mobile…

Georges Bataille

Georges Bataille (1897-1962), escritor francês de prolífica atividade intelectual em uma série de domínios - entre eles os da filosofia, artes, literatura, economia e antropologia - elaborou, ao longo do segundo e terceiro quartel do século XX, reflexões acerca de temas diversos, destacando-se a…

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Georges Bataille

Georges Bataille (1897-1962), escritor francês de prolífica atividade intelectual em uma série de domínios - entre eles os da filosofia, artes, literatura, economia e antropologia - elaborou, ao longo do segundo e terceiro quartel do século XX, reflexões acerca de temas diversos, destacando-se a morte, o erotismo, a transgressão e o sagrado, amplamente tratados sob os ecos da filosofia de Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1832), da literatura do Donatien Alphonse François de Sade (1740-1814) e da antropologia de Marcel Mauss (1872-1950). Este último, cujos escritos sobre o problema da dádiva e do potlatch tornar-se-iam referência direta para toda uma geração de antropólogos e intelectuais em formação – entre os quais Michel Leiris (1901-1990) e…

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AUTORIA

Gabriel Barbosa Teixeira

Sandra Benites

Nascida na Terra Indígena Porto Lindo, município de Japorã (MS), em 1975, Sandra Benites é mãe, pesquisadora e ativista Guarani. Atua como antropóloga, curadora de arte e educadora. Destaca-se por suas lutas em defesa dos direitos dos povos indígenas, sobretudo da demarcação dos territórios e da…

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Sandra Benites

Nascida na Terra Indígena Porto Lindo, município de Japorã (MS), em 1975, Sandra Benites é mãe, pesquisadora e ativista Guarani. Atua como antropóloga, curadora de arte e educadora. Destaca-se por suas lutas em defesa dos direitos dos povos indígenas, sobretudo da demarcação dos territórios e da educação Guarani. Suas reflexões emergem de experiências com o “conhecimento das mulheres Guarani” (kunhangue arandu), resultando em debates e trabalhos acadêmicos, que fazem frente à colonização do conhecimento imposto por certo modo hegemônico de produção de saberes que pouco se dedicou às mulheres indígenas, não apenas no Brasil, mas nos diversos países habitados pelos povos Guarani. Benites realizou curadorias em museus – como a exposição Dja Guata Porã: Rio de Janeiro Indígena (2017) – e…

Antonio Bispo dos Santos

Antonio Bispo dos Santos (1959-2023) nasceu no Vale do Rio Berlengas, Piauí. Formou-se pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí; completou o ensino fundamental, tornando-se o primeiro de sua família a ter acesso à alfabetização.…

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Antonio Bispo dos Santos

Antonio Bispo dos Santos (1959-2023) nasceu no Vale do Rio Berlengas, Piauí. Formou-se pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí; completou o ensino fundamental, tornando-se o primeiro de sua família a ter acesso à alfabetização. Nego Bispo, como também é conhecido, é autor de artigos, poemas e dos livros Quilombos, modos e significados (2007) e Colonização, Quilombos: modos e significados (2015). Como liderança quilombola, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Destaca-se por sua atuação política e militância, que estão fortemente relacionadas à sua formação quilombola, evidenciada por uma…

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AUTORIA

Iago Porfírio e Lucas Timoteo de Oliveira

Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande

Já em sua primeira publicação em 1937, o livro Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande ganhou lugar de destaque na obra do antropólogo britânico Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973). Fruto de vinte meses de trabalho de campo, realizado entre 1926 e 1929, junto a este povo do sul do Sudão,…

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Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande

Já em sua primeira publicação em 1937, o livro Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande ganhou lugar de destaque na obra do antropólogo britânico Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973). Fruto de vinte meses de trabalho de campo, realizado entre 1926 e 1929, junto a este povo do sul do Sudão, a monografia é vasta em contribuições tanto teóricas quanto etnográficas, resultantes de um envolvimento intenso com as ideias azande. A bruxaria, questão central do livro, longe de ser um tema concebido antes da ida a campo, se impôs como objeto de estudo por conta de sua presença constante entre os nativos e pela importância atribuída a ela, notada desde os primeiros contatos do antropólogo com a sociedade. Nos treze capítulos e quatro apêndices que compõem a versão mais sintética do livro,…

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AUTORIA

Diogo Barbosa Maciel e Renata Harumi Cortez

Roberto Cardoso de Oliveira

Roberto Cardoso de Oliveira (1928-2006) formou-se em filosofia na Universidade de São Paulo (USP) no início da década de 1950, mas é na antropologia que sua carreira se consolida. Seu primeiro contato com a disciplina ocorreu ainda na USP, através das aulas ministradas pelo sociólogo Florestan…

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Roberto Cardoso de Oliveira

Roberto Cardoso de Oliveira (1928-2006) formou-se em filosofia na Universidade de São Paulo (USP) no início da década de 1950, mas é na antropologia que sua carreira se consolida. Seu primeiro contato com a disciplina ocorreu ainda na USP, através das aulas ministradas pelo sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), que anos mais tarde orientaria sua tese de doutorado intitulada Urbanização e Tribalismo: A interação dos índios Terena em uma sociedade de classes (1966). Após a graduação, constrói sua trajetória antropológica em quatro instituições: primeiramente no Museu do Índio em 1954, onde iniciou um trabalho junto aos índios Terena, localizados no estado do Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul), e participou dos cursos de especialização em antropologia cultural ministrados por Darcy…

Sueli Carneiro

Aparecida Sueli Carneiro nasceu em São Paulo em 1950, uma das três filhas de um casal negro. Ingressa no curso de filosofia da Universidade de São Paulo (USP) no ano de 1971, e é no ambiente universitário durante a ditadura militar, entre 1971 e 1980, que se aproxima dos movimentos negro e…

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Sueli Carneiro

Aparecida Sueli Carneiro nasceu em São Paulo em 1950, uma das três filhas de um casal negro. Ingressa no curso de filosofia da Universidade de São Paulo (USP) no ano de 1971, e é no ambiente universitário durante a ditadura militar, entre 1971 e 1980, que se aproxima dos movimentos negro e feminista. Além da forte militância, Carneiro é responsável por uma vasta produção voltada para relações raciais e de gênero na sociedade brasileira, que encontra repercussão em diversas áreas do conhecimento, também na antropologia. São mais de 150 artigos publicados em jornais e revistas, assim como 17 em livros, que buscam fazer convergir ativismo e reflexão teórica, por exemplo Mulher negra (1995), Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (2011) e Escritos de uma vida (2018). A militância política…

Casamento por captura - John Ferguson McLennan

A noção de casamento por captura, também conhecida como casamento por rapto, foi sistematizada e conceitualizada pela primeira vez pelo antropólogo escocês John Ferguson McLennan (1827-1881) em seu livro Primitive Marriage (1865). A obra está organizada em torno da ideia de que a humanidade…

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Casamento por captura - John Ferguson McLennan

A noção de casamento por captura, também conhecida como casamento por rapto, foi sistematizada e conceitualizada pela primeira vez pelo antropólogo escocês John Ferguson McLennan (1827-1881) em seu livro Primitive Marriage (1865). A obra está organizada em torno da ideia de que a humanidade passa por estágios de desenvolvimento cujo ápice seria a civilização europeia; o que não quer dizer que o processo tenha sido uniforme e percorrido por todas as sociedades. No livro, o autor tem como objeto a origem e o significado do rapto de mulheres visando o casamento, largamente difundido pelo mundo. McLennan interpreta a existência dessa forma de matrimônio – e das práticas matrimoniais nas quais a captura é apenas simbolizada, mas não efetivada – como a sobrevivência de formas sociais…

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Thiago Timóteo da Silva

Chefia indígena - Pierre Clastres

A reflexão sobre a chefia indígena percorre a obra de Pierre Clastres (1934-1977), constituindo uma dimensão fundamental de sua conceituação de uma sociedade contra o Estado, que renovou a antropologia política, ao transformar o campo de pesquisa sobre as formas indígenas da política. O tema…

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Chefia indígena - Pierre Clastres

A reflexão sobre a chefia indígena percorre a obra de Pierre Clastres (1934-1977), constituindo uma dimensão fundamental de sua conceituação de uma sociedade contra o Estado, que renovou a antropologia política, ao transformar o campo de pesquisa sobre as formas indígenas da política. O tema está presente desde seu primeiro artigo, “Troca e poder: filosofia da chefia indígena” (1962) reeditado como segundo capítulo da coletânea A sociedade contra o estado: pesquisas de antropologia política (1974), onde o autor discorre sobre o aparente paradoxo de uma chefia sem poder nas sociedades ameríndias. A partir de balanço bibliográfico sobre a política nas terras baixas sul americanas, ele se posiciona contra a visão consolidada pelo Handbook of South American Indians (1949), editado por Julian…

Civilização - Marcel Mauss

Há fenômenos sociais que cruzam fronteiras políticas, não estando restritos à circunscrição de tribos, povos, nações, cidades ou Estados, indica o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) em artigo escrito em coautoria com Émile Durkheim (1858-1917), “Nota sobre a noção de civilização” (1913…

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Civilização - Marcel Mauss

Há fenômenos sociais que cruzam fronteiras políticas, não estando restritos à circunscrição de tribos, povos, nações, cidades ou Estados, indica o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) em artigo escrito em coautoria com Émile Durkheim (1858-1917), “Nota sobre a noção de civilização” (1913), e em estudo aprofundado de sua própria autoria, As Civilizações – elementos e formas (1929). Nesses textos, Mauss defende a transversalidade de tais tipos de fenômenos, que pode ser aferida com a ajuda de diversos exemplos. As coleções arqueológicas dos museus etnográficos e históricos propõem classificações científicas, ainda que hipotéticas, de ferramentas e objetos de arte, representando-as em mapas de dispersão e propondo genealogias para as técnicas. Mas esta dispersão pode ser observada…

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AUTORIA

Bruno Martins Morais

Ruy Coelho

Ruy Galvão de Andrada Coelho (1920-1990) foi antropólogo, crítico cultural e professor de sociologia na Universidade de São Paulo, tendo sido o único de sua geração a realizar trabalho de campo fora do Brasil. Entre setembro de 1947 e julho de 1948, sob a orientação de Melville Herskovits (1895-…

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Ruy Coelho

Ruy Galvão de Andrada Coelho (1920-1990) foi antropólogo, crítico cultural e professor de sociologia na Universidade de São Paulo, tendo sido o único de sua geração a realizar trabalho de campo fora do Brasil. Entre setembro de 1947 e julho de 1948, sob a orientação de Melville Herskovits (1895-1963), estudou os garífunas (etnônimo pelo qual se designam hoje os caraíbas negros) de Trujillo, Honduras, pesquisa que resultou na tese de doutorado, The Black Carib of Honduras: a Study in Acculturation (1955). Embora lembrado em função de sua atuação na revista Clima (1941-1944), que lançou nomes importantes da crítica paulista, como Antonio Candido (1918-2017), Gilda de Melo e Souza (1919-2005), Décio de Almeida Prado (1917-2000) e Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977), Ruy Coelho é autor de…

O cogumelo no fim do mundo: sobre as possibilidades de vida nas ruínas do capitalismo

The Mushroom at the End of the World: On the Possibility of Life in Capitalist Ruins [O cogumelo no fim do mundo: sobre as possibilidades de vida nas ruínas do capitalismo] é a terceira monografia da antropóloga norte-americana Anna Lowenhaupt Tsing (1952-). Editado originalmente em 2015, o…

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O cogumelo no fim do mundo: sobre as possibilidades de vida nas ruínas do capitalismo

The Mushroom at the End of the World: On the Possibility of Life in Capitalist Ruins [O cogumelo no fim do mundo: sobre as possibilidades de vida nas ruínas do capitalismo] é a terceira monografia da antropóloga norte-americana Anna Lowenhaupt Tsing (1952-). Editado originalmente em 2015, o livro é resultado da pesquisa de campo realizada pela autora entre 2004 e 2011, durante as temporadas de coleta do cogumelo matsutake nos Estados Unidos, Japão, Canadá, China e Finlândia. A obra faz parte de um projeto maior, o Matsutake Worlds Research Group, site concebido como uma “floresta camponesa”, paisagem nas qual os humanos têm um papel ativo em sua criação, da mesma maneira que os seres não humanos. Exemplo dessas paisagens são as florestas satoyamas no Japão, frutos de perturbações…

Como as instituições pensam

O livro Como as Instituições Pensam (1986) foi produzido a partir de cinco palestras proferidas pela antropóloga britânica Mary Douglas (1921-2007) na 6ª Conferência Abrams, realizada na Universidade de Siracusa, em março de 1985. Seu conteúdo, organizado em nove capítulos, articula questões que…

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Como as instituições pensam

O livro Como as Instituições Pensam (1986) foi produzido a partir de cinco palestras proferidas pela antropóloga britânica Mary Douglas (1921-2007) na 6ª Conferência Abrams, realizada na Universidade de Siracusa, em março de 1985. Seu conteúdo, organizado em nove capítulos, articula questões que atravessam e condensam os fundamentos lógicos e teóricos presentes na produção anterior da autora, conferindo ao texto um caráter abrangente. Nesta obra é sistematizado o seu ponto de vista sobre como o processo cognitivo funda a ordem social e, ainda, sobre como os processos cognitivos individuais dependem de instituições sociais. Para tanto, a autora dialoga com teorias econômicas, psicológicas, sociológicas e antropológicas, dentre outras, fazendo desta uma obra interdisciplinar. Partindo de…

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AUTORIA

Paula Bessa Braz e Pedro Roney Dias Ribeiro

Coral gardens and their magic

Publicada em 1935, Coral gardens, a study of the methods of tilling the soil and of agricultural rites in the Trobriand Islands é a quarta e última monografia produzida por Bronisław Malinowski (1884-1942) acerca da vida dos nativos das Ilhas Trobriand, no Pacífico Ocidental. Com quase mil…

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Coral gardens and their magic

Publicada em 1935, Coral gardens, a study of the methods of tilling the soil and of agricultural rites in the Trobriand Islands é a quarta e última monografia produzida por Bronisław Malinowski (1884-1942) acerca da vida dos nativos das Ilhas Trobriand, no Pacífico Ocidental. Com quase mil páginas de extensão, a obra tem como foco a relação entre magia e práticas agrícolas dos trobriandeses. Embora não tenha tido a notoriedade e difusão de Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), Coral Gardens foi considerada pelo próprio autor como sua obra mais bem-acabada, tanto pela exposição sistemática do método funcionalista quanto por sua inovadora abordagem em relação ao campo da linguística, juízo compartilhado por leituras posteriores da obra, como as dos linguistas Jean Rupert Firth (1890-1960…

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Natalia Ribas Guerrero e Flávio Bassi

Cultures of relatedness

Cultures of Relatedness (2000) é uma coletânea organizada e introduzida pela antropóloga britânica Janet Carsten, composta por oito ensaios assinados por Charles Stafford, Sharon Hutchinson, Helen Lambert, Rita Astuti, Karen Middleton, Barbara Bodenhorn, Jeanette Edwards e Marilyn Strathern (…

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Cultures of relatedness

Cultures of Relatedness (2000) é uma coletânea organizada e introduzida pela antropóloga britânica Janet Carsten, composta por oito ensaios assinados por Charles Stafford, Sharon Hutchinson, Helen Lambert, Rita Astuti, Karen Middleton, Barbara Bodenhorn, Jeanette Edwards e Marilyn Strathern (1941- ). Resultado de uma conferência sobre fronteiras e identidades realizada na Universidade de Edimburgo em 1996, o livro é uma resposta à Critique of the Study of Kinship (1984) em que o antropólogo norte-americano David Schneider (1918-1995) condena o método genealógico que, segundo ele, estaria baseado na suposição ocidental de preeminência da biologia na criação de laços de parentesco, concluindo ser este um conceito que não existe em outras sociedades, senão nas ocidentais. Com o objetivo de…

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AUTORIA

Aline Lopes Murillo

Veena Das

Antropóloga indiana, Veena Das nasceu em 1945, no contexto de uma família pobre em Lahore, hoje capital da província de Punjab, no Paquistão, tendo passado a infância em Deli. Aos 16 anos, ingressou na Universidade de Deli para cursar sânscrito, realizando mestrado e doutorado em sociologia na…

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Veena Das

Antropóloga indiana, Veena Das nasceu em 1945, no contexto de uma família pobre em Lahore, hoje capital da província de Punjab, no Paquistão, tendo passado a infância em Deli. Aos 16 anos, ingressou na Universidade de Deli para cursar sânscrito, realizando mestrado e doutorado em sociologia na mesma universidade. Suas primeiras pesquisas têm como tema central o parentesco, e colocam em relação rituais hindus, narrativas de mitos, o sistema de castas indiano e textos em sânscrito. A publicação do livro, Structure and cognition: aspects of Hindu caste and ritual (1977), originalmente sua tese de doutorado, é um exemplo da articulação desses interesses. Nos trabalhos seguintes, a compreensão de eventos como a Partição da Índia e os tumultos que se seguiram ao assassinato da primeira-ministra…

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Paula Lacerda e Carolina Parreiras

Ella Cara Deloria

Reconhecida como linguista, etnógrafa, professora e escritora, Ella Cara Deloria (1889-1971), Aŋpétu Wašté Wiŋ, yankton dakota, nasceu na reserva Yankton, em Dakota do Sul, a 31 de janeiro de 1889, filha de um dos primeiros sioux a tornar-se pastor da igreja episcopal. Ella estudou na escola da…

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Ella Cara Deloria

Reconhecida como linguista, etnógrafa, professora e escritora, Ella Cara Deloria (1889-1971), Aŋpétu Wašté Wiŋ, yankton dakota, nasceu na reserva Yankton, em Dakota do Sul, a 31 de janeiro de 1889, filha de um dos primeiros sioux a tornar-se pastor da igreja episcopal. Ella estudou na escola da igreja na reserva de Standing Rock e posteriormente num internato da igreja episcopal em Sioux Falls. Obteve o bacharelado em ciências pela Universidade de Columbia em Nova York, em 1915. Começou nessa época a trabalhar com Franz Boas (1858-1942), como tradutora de textos em língua lakota. Em 1926, Boas levou-a para Nova York como assistente de pesquisa. Um dos primeiros projetos a que se dedicou a pedido de Boas foi a tradução de um texto sobre a Dança do Sol [Sun Dance], a mais importante…

Desenho - Tim Ingold

O desenho, segundo o antropólogo britânico Tim Ingold (1948- ) é um método e um recurso descritivo para a antropologia; na qualidade de instrumento de compreensão da vida social, mostra-se uma prática de inscrição em que observação e descrição se encontram associadas. Longe de ser um modo de…

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Desenho - Tim Ingold

O desenho, segundo o antropólogo britânico Tim Ingold (1948- ) é um método e um recurso descritivo para a antropologia; na qualidade de instrumento de compreensão da vida social, mostra-se uma prática de inscrição em que observação e descrição se encontram associadas. Longe de ser um modo de ilustrar o texto escrito, o desenho é conceito e prática, além de possuir papel fundamental nas proposições do autor sobre a formatação de uma “antropologia gráfica”, ou “antropografia” (2015), que – inspirada nas exposições da antropóloga portuguesa Ana Isabel Afonso e do antropólogo português Manuel João Ramos – toma o desenho como modo de fazer da antropologia e dissolve a suposta dicotomia entre texto e imagem. As discussões de Ingold sobre o desenho são desenvolvidas ao longo de diversas obras,…

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Jeferson Carvalho da Silva

Katherine Dunham

Katherine Dunham (1909-2006) foi uma antropóloga, coreógrafa, dançarina e ativista social afro-estadunidense. Aluna de Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955), Bronisław Malinowski (1884-1942) e Robert Redfield (1897-1958) na Universidade de Chicago, entre os anos 1920 e 1930, investigou as relações…

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Katherine Dunham

Katherine Dunham (1909-2006) foi uma antropóloga, coreógrafa, dançarina e ativista social afro-estadunidense. Aluna de Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955), Bronisław Malinowski (1884-1942) e Robert Redfield (1897-1958) na Universidade de Chicago, entre os anos 1920 e 1930, investigou as relações entre cultura e dança em sociedades de diáspora africana, em especial a herança de afrodescendentes em manifestações religiosas e populares no Haiti e Jamaica. Foi responsável pela criação do grupo Ballet Nègre [Balé Negro] em Chicago em 1931, composto majoritariamente por dançarinas/os negras/os. É a partir dessa experiência na dança e de seu contato com Redfield em Chicago, que desperta o interesse pelas influências e heranças africanas nas danças das Américas, passando a estabelecer relações…

Émile Durkheim

David Émile Durkheim (1858-1917) foi um sociólogo francês cujo legado liga-se tanto à consolidação da sociologia como disciplina científica quanto à formação de uma escola de pensamento fundada nos conceitos de fato social, de representações coletivas, de função, integração, regulação e anomia,…

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Émile Durkheim

David Émile Durkheim (1858-1917) foi um sociólogo francês cujo legado liga-se tanto à consolidação da sociologia como disciplina científica quanto à formação de uma escola de pensamento fundada nos conceitos de fato social, de representações coletivas, de função, integração, regulação e anomia, entre outros. Sua teoria da religião, que tem como ponto de partida o totemismo australiano e como mola mestra a oposição entre sagrado e profano, teve muita importância para a antropologia do século XX. Sua atuação em Année Sociologique (1898-1925), revista que ele funda e dirige, mostra-se também decisiva no estreitamento de laços com antropólogos como Marcel Mauss (1872-1950), seu sobrinho e principal colaborador, Henri Hubert (1872-1927) e Robert Hertz (1881-1915). Année foi um espaço de…

Ensaio sobre a dádiva

O Ensaio sobre a dádiva (1923-1924), assinado por Marcel Mauss (1872-1950), e publicado originalmente na revista Année Sociologique, é obra central para a teoria antropológica. O texto integra um conjunto de pesquisas empreendidas pelo antropólogo francês sobre as características das formas…

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Ensaio sobre a dádiva

O Ensaio sobre a dádiva (1923-1924), assinado por Marcel Mauss (1872-1950), e publicado originalmente na revista Année Sociologique, é obra central para a teoria antropológica. O texto integra um conjunto de pesquisas empreendidas pelo antropólogo francês sobre as características das formas arcaicas do contrato e de diversos sistemas de trocas ditas econômicas. Lançando mão da comparação entre diferentes sistemas de dádivas nas sociedades da Polinésia, Melanésia e noroeste americano, Mauss explicita o princípio comum que regula essas trocas: a obrigação de dar, receber e retribuir. O autor parte das formas arcaicas da troca, mas defende a generalidade da lógica da dádiva – argumento central do Ensaio -, também observável, segundo ele, nas sociedades ocidentais. Nas então denominadas…

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Estar vivo

Estar vivo - Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição (2011) é uma coletânea de ensaios do antropólogo britânico Tim Ingold (1948- ) escritos e ministrados ao longo da primeira década do século XXI. O volume dá continuidade e atualiza um processo teórico iniciado em Lines: a brief…

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Estar vivo

Estar vivo - Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição (2011) é uma coletânea de ensaios do antropólogo britânico Tim Ingold (1948- ) escritos e ministrados ao longo da primeira década do século XXI. O volume dá continuidade e atualiza um processo teórico iniciado em Lines: a brief history (2007), subsidiando formulações posteriores, reunidas em Making: anthropology, archeology, art and architecture (2013). As ideias do livro, segundo ele, orbitam em torno das três palavras-chave que o intitulam: movimento, conhecimento e descrição. Estas não são meras sequências de operações, mas compostos paralelos de um só processo, o do curso da vida. Uma simples caminhada, ele sugere, mobiliza as três operações ao mesmo tempo, o que requer observação para além dos grandes esquemas filosóficos…

Estigma - Erving Goffman

O conceito de estigma ganha significado relacional na obra do sociólogo canadense Erving Goffman (1922-1982), pois vincula atributos e estereótipos a formas de estigmatização, de maneira a compreender como eles são criados e manipulados, e quais os seus efeitos nas interações sociais. O livro no…

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Estigma - Erving Goffman

O conceito de estigma ganha significado relacional na obra do sociólogo canadense Erving Goffman (1922-1982), pois vincula atributos e estereótipos a formas de estigmatização, de maneira a compreender como eles são criados e manipulados, e quais os seus efeitos nas interações sociais. O livro no qual essa noção é formulada, Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada (1963), sugere que o estigma é manejado pelos atores nas interações sociais. Apesar de a formulação do conceito se fazer presente apenas nesta obra, as reflexões a seu respeito ecoam a recorrente preocupação de Goffman com os constrangimentos que os indivíduos sofrem em suas relações, tal como ele havia abordado em A representação do eu na vida cotidiana (1956). Ademais, suas reflexões sobre o tema reiteram o…

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AUTORIA

Cibele Barbalho Assensio e Roberta Soares

Etnocídio - Pierre Clastres

O conceito de etnocídio é discutido pelo etnólogo francês Pierre Clastres (1934-1977) no verbete “De l’ethnocide”, publicado originalmente na Encyclopaedia universalis (1974) e republicado como capítulo de sua obra póstuma Arqueologia da violência (1980). Em seu texto, Clastres reflete sobre a…

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Etnocídio - Pierre Clastres

O conceito de etnocídio é discutido pelo etnólogo francês Pierre Clastres (1934-1977) no verbete “De l’ethnocide”, publicado originalmente na Encyclopaedia universalis (1974) e republicado como capítulo de sua obra póstuma Arqueologia da violência (1980). Em seu texto, Clastres reflete sobre a natureza e a significação do etnocídio e também sobre a vocação etnocida do mundo ocidental, a partir de uma perspectiva formal e histórica. A originalidade de sua tese reside em apontar a convergência entre a prática etnocida e a essência centralizadora e unificadora das “sociedades com Estado”, bem como a capacidade etnocida ilimitada própria dos Estados ocidentais, em razão do sistema capitalista, seu modo de produção e sua lógica de desenvolvimento econômico. O precursor do debate sobre a…

Edward Evan Evans-Pritchard

Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973), antropólogo britânico cujo trabalho revelou-se determinante para o desenvolvimento da antropologia social no século XX, inicia sua graduação em história moderna no Exeter College, na universidade de Oxford (1921), período em que conhece Robert Ranulph…

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Edward Evan Evans-Pritchard

Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973), antropólogo britânico cujo trabalho revelou-se determinante para o desenvolvimento da antropologia social no século XX, inicia sua graduação em história moderna no Exeter College, na universidade de Oxford (1921), período em que conhece Robert Ranulph Marett (1866-1943), um dos fundadores da Oxford Anthropology Society e seu interlocutor ao longo da década de 1920. Por incentivo de Marret passa a frequentar os seminários de antropologia na London School of Economics, tendo entre os professores Bronislaw Malinowski (1884-1942) e Gabriel Seligman (1873-1940). Este último fora um pioneiro no trabalho de campo junto a povos do Sudão, onde pesquisa desde 1909, e orientador da tese de doutoramento de Evans-Pritchard defendida em 1927 sobre os Azande,…

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AUTORIA

Carolina Cordeiro Mazzariello, Lucas Bulgarelli Ferreira e Lúcia Klück Stumpf

Êxtase religioso

Em Êxtase religioso: um estudo antropológico da possessão por espírito e do xamanismo (1971), o antropólogo escocês Ioan Myrddin Lewis (1930-2014) se propõe a comparar experiências de possessão por espíritos distintos, vivenciadas no interior de sociedades diferentes. Preocupado em evidenciar o…

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Êxtase religioso

Em Êxtase religioso: um estudo antropológico da possessão por espírito e do xamanismo (1971), o antropólogo escocês Ioan Myrddin Lewis (1930-2014) se propõe a comparar experiências de possessão por espíritos distintos, vivenciadas no interior de sociedades diferentes. Preocupado em evidenciar o potencial sociológico do êxtase para aqueles que o experimentam, o antropólogo tenta cobrir o que acredita ser uma lacuna deixada pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009), cuja análise sobre o xamanismo enfatizaria as estruturas lógicas e suas relações com os mitos. Beneficiando-se de registros de Raymond Firth (1901-2002), Margaret Mead (1901–1978), Alfred Métraux (1902–1963), Siegfried Frederick Nadel (1903-1956), Gregory Bateson (1904–1980), Jean Rouch (1917-2004), Peter Fry (…

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AUTORIA

Lucas Ramos da Cunha

Funcionalismo

Em linhas gerais, o funcionalismo sustenta que a sociedade é um todo coerente formado por partes interdependentes, cada qual realizando uma ou mais funções para o ajustamento da totalidade. Como método amplo, diferentes domínios do conhecimento se valem do funcionalismo, como a economia, a…

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Funcionalismo

Em linhas gerais, o funcionalismo sustenta que a sociedade é um todo coerente formado por partes interdependentes, cada qual realizando uma ou mais funções para o ajustamento da totalidade. Como método amplo, diferentes domínios do conhecimento se valem do funcionalismo, como a economia, a arquitetura, a psicologia, entre outros. Na sociologia e na antropologia especificamente, a função social, categoria central para essa vertente, designa a relação desempenhada pelas unidades do sistema social (instituições, normas, valores, grupos etc.) para sua manutenção e integração, a partir da metáfora do organismo vivo, proveniente das ciências biológicas e áreas afins. O funcionalismo privilegia a perspectiva sincrônica, afeita à compreensão das relações sociais de uma estrutura social em um dado…

Eduardo Galvão

Eduardo Enéas Gustavo Galvão (1921-1976) foi um antropólogo brasileiro que nasceu dia 25 de janeiro de 1921, no Rio de Janeiro. É um dos responsáveis pela consolidação da antropologia no país, tanto pela sua rica produção teórica sobre o fenômeno de aculturação quanto pela formulação de…

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Eduardo Galvão

Eduardo Enéas Gustavo Galvão (1921-1976) foi um antropólogo brasileiro que nasceu dia 25 de janeiro de 1921, no Rio de Janeiro. É um dos responsáveis pela consolidação da antropologia no país, tanto pela sua rica produção teórica sobre o fenômeno de aculturação quanto pela formulação de políticas indigenistas no Brasil. Após a conclusão do curso secundário, Galvão inicia uma carreira acadêmica precoce, em 1939, como estagiário da Divisão de Antropologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Logo, em 1941, sob a tutela de Charles Wagley (1913-1991), participaria do curso de etnologia geral no próprio Museu Nacional, o que lhe garantiu não apenas um estágio como naturalista auxiliar interino – e efetivo, no final da década de quarenta –, mas também uma fecunda amizade com Wagley que duraria…

Genealogia - Michel Foucault

Utilizado pelo filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) em suas reflexões sobre as tecnologias e dispositivos de saber-poder, o método genealógico consiste em um instrumental de investigação voltado à compreensão da emergência de configurações singulares de sujeitos, objetos e significações…

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Genealogia - Michel Foucault

Utilizado pelo filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) em suas reflexões sobre as tecnologias e dispositivos de saber-poder, o método genealógico consiste em um instrumental de investigação voltado à compreensão da emergência de configurações singulares de sujeitos, objetos e significações nas relações de poder, associando o exame de práticas discursivas e não discursivas. O desenvolvimento das análises genealógicas contribui para o exame do biopoder, poder que governa a vida, o que leva Foucault a investigar diferentes dispositivos, considerados conjuntos articulados de discursos e práticas constitutivos de objetos e sujeitos, produtivos e eficazes tanto no domínio do saber quanto no campo estratégico do poder. A genealogia do sujeito moderno desdobra-se no exame de três…

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Marcos Vinicius Malheiros Moraes

Gênero

O termo gênero é comumente utilizado nas ciências sociais e humanas para enfatizar o caráter cultural das diferenças existentes entre homens e mulheres. As assimetrias de poder que demarcam estas distinções e discriminações são justificadas pela atribuição de características entendidas como…

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Gênero

O termo gênero é comumente utilizado nas ciências sociais e humanas para enfatizar o caráter cultural das diferenças existentes entre homens e mulheres. As assimetrias de poder que demarcam estas distinções e discriminações são justificadas pela atribuição de características entendidas como naturais entre homens e mulheres, traços decorrentes das distinções corpóreas, em especial as associadas às capacidades reprodutivas. Os estudos clássicos de Marcel Mauss (1872-1950), As técnicas do corpo (1934), e de Margaret Mead (1901-1971), Sexo e Temperamento em três sociedades primitivas (1936) já indicavam que certos padrões de conduta não estavam relacionados à natureza de homens e mulheres, mas antes aos diferentes processos culturais e de socialização. É possível recuar às décadas de 1920…

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Carolina Cordeiro Mazzariello e Lucas Bulgarelli Ferreira

Gentrificação

O termo gentrificação é a versão aportuguesada de gentrification (de gentry, “pequena nobreza”), conceito criado pela socióloga britânica Ruth Glass (1912-1990) em London: Aspects of change (1964), para descrever e analisar transformações observadas em diversos bairros operários em Londres.…

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Gentrificação

O termo gentrificação é a versão aportuguesada de gentrification (de gentry, “pequena nobreza”), conceito criado pela socióloga britânica Ruth Glass (1912-1990) em London: Aspects of change (1964), para descrever e analisar transformações observadas em diversos bairros operários em Londres. Desde seu surgimento, a palavra tem sido amplamente utilizada em estudos e debates sobre desigualdade e segregação urbana, assim como nos estudos sobre patrimônio, nos mais diferentes domínios: sociologia, antropologia, geografia e arquitetura, além de planejamento e gestão urbana, economia e estudos urbanos em geral. Em sua definição primeira, o termo refere-se a processos de mudança das paisagens urbanas, aos usos e significados de zonas antigas e/ou populares das cidades que apresentam sinais de…

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Maurício Fernandes de Alcântara

Irving Goldman

Irving Goldman nasceu em 2 de setembro de 1911, no Brooklin, em Nova York, filho de Golda e Louis Goldman, imigrantes russos, e faleceu em 7 de abril de 2002, aos 90 anos de idade. Após concluir sua graduação no Brooklin College, em 1933, ingressou na Universidade de Columbia, instituição onde…

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Irving Goldman

Irving Goldman nasceu em 2 de setembro de 1911, no Brooklin, em Nova York, filho de Golda e Louis Goldman, imigrantes russos, e faleceu em 7 de abril de 2002, aos 90 anos de idade. Após concluir sua graduação no Brooklin College, em 1933, ingressou na Universidade de Columbia, instituição onde foi aluno de Franz Boas (1858-1942). Seu primeiro trabalho antropológico foi realizado com os índios Modoc, na Califórnia, em 1934. Para seu trabalho final de graduação na Columbia, estudou os Ulkatcho Carrier da Colúmbia Britânica (entre 1935-36), no noroeste do Canadá, pesquisa publicada na coletânea Acculturation in seven american indians tribes (1940). Obteve seu Ph.D. em Antropologia no ano de 1941, com a tese sobre os Cubeo do rio Cuduiari, na região do Vaupés colombiano, onde esteve entre…

Lélia Gonzalez

Intelectual e ativista negra, Lélia de Almeida Gonzalez (1935-1994) destaca-se por sua  produção e por intensa atuação política contra o racismo e o sexismo. As discussões que propôs sobre questões identitárias e sobre relações de raça e gênero no Brasil repercutem em diversos campos do…

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Lélia Gonzalez

Intelectual e ativista negra, Lélia de Almeida Gonzalez (1935-1994) destaca-se por sua  produção e por intensa atuação política contra o racismo e o sexismo. As discussões que propôs sobre questões identitárias e sobre relações de raça e gênero no Brasil repercutem em diversos campos do conhecimento, encontrando forte eco nos estudos culturais e na antropologia. Filha de uma empregada doméstica de origem indígena e de um homem negro, ferroviário, pertencente a uma extensa família operária, Lélia migra de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro em 1942, onde se forma em história e filosofia, tornando-se professora na rede básica de ensino e no ensino médio, lecionando em escolas públicas e privadas. Realiza mestrado em comunicação social e doutorado em antropologia, tornando-se professora e…

David Graeber

David Rolfe Graeber (1961-2020) é um antropólogo norte-americano conhecido por suas contribuições à antropologia da política, da economia e também por seu esforço na definição de uma “antropologia anarquista”. Iniciando sua trajetória acadêmica a partir de questões caras à antropologia clássica…

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David Graeber

David Rolfe Graeber (1961-2020) é um antropólogo norte-americano conhecido por suas contribuições à antropologia da política, da economia e também por seu esforço na definição de uma “antropologia anarquista”. Iniciando sua trajetória acadêmica a partir de questões caras à antropologia clássica, como as teorias do valor, do poder político e da história econômica, Graeber ampliou o escopo de seus debates conforme sua atuação em movimentos sociais se intensificava. Esse percurso o levaria a desenvolver críticas à administração e burocracia capitalistas, à exploração corporativa e ao lugar da dívida nas instituições sociais. Graeber conciliou sua trajetória acadêmica com o envolvimento em movimentos anticapitalistas, notadamente Occupy Wall Street, que vem à luz nos Estados Unidos a partir…

Donna Haraway

Donna Jeanne Haraway (1944-) é uma bióloga e filósofa que, por seu ativismo, produção acadêmica, enfoque interdisciplinar e modo de vida alternativo, tornou-se referência nos campos da antropologia, da ficção científica, tecnociência, primatologia, biologia, filosofia, pensamento feminista,…

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Donna Haraway

Donna Jeanne Haraway (1944-) é uma bióloga e filósofa que, por seu ativismo, produção acadêmica, enfoque interdisciplinar e modo de vida alternativo, tornou-se referência nos campos da antropologia, da ficção científica, tecnociência, primatologia, biologia, filosofia, pensamento feminista, entre outros. Primeira professora titular de teoria feminista dos Estados Unidos, pioneira do ciberfeminismo, Haraway insere-se nos debates contemporâneos sobre o Antropoceno, os feminismos interseccionais, o pós-humanismo e sobre as relações multiespécies que problematizam as fronteiras entre natureza e cultura e propõem formas de produção da vida constituídas pela simpoiesis, o fazer-com, e não pela competição (autopoiesis ou autossuficiência). Em sua poética tecnocientífica coabitam universos…

Hierarquia - Louis Dumont

Hierarquia, tal como o termo é empregado, pode estar relacionada a duas concepções: como sinônimo de relação de poder (numa ideia de governo) ou como ordem de classificação (em uma rotina de prioridades, na qual um termo tem precedência sobre outros). Essas são noções comuns na maioria das…

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Hierarquia - Louis Dumont

Hierarquia, tal como o termo é empregado, pode estar relacionada a duas concepções: como sinônimo de relação de poder (numa ideia de governo) ou como ordem de classificação (em uma rotina de prioridades, na qual um termo tem precedência sobre outros). Essas são noções comuns na maioria das sociedades ocidentais, mas a antropologia tem pensado o problema de outros modos, especialmente quando olha para realidades diferentes, para o sistema de castas na Índia, por exemplo. Mesmo com diferenças importantes, há razões para indagar se a hierarquia é um dado universal, que está em todo lugar, ou se é uma projeção de nossas próprias ideias sobre outras sociedades. O antropólogo que mais desenvolveu estas questões, dando pistas sobre a universalidade da hierarquia e ao mesmo tempo recusando uma…

Zora Neale Hurston

Zora Neale Hurston (1891-1960) foi uma antropóloga, folclorista, escritora e dramaturga afroestadunidense. Nascida na cidade de Notasulga, Alabama, ainda na infância muda-se para Eatonville, Flórida, um dos mais antigos municípios negros dos Estados Unidos a ter um governo próprio.

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Zora Neale Hurston

Zora Neale Hurston (1891-1960) foi uma antropóloga, folclorista, escritora e dramaturga afroestadunidense. Nascida na cidade de Notasulga, Alabama, ainda na infância muda-se para Eatonville, Flórida, um dos mais antigos municípios negros dos Estados Unidos a ter um governo próprio. Durante a década de 1920, transfere-se para Nova York, passando a frequentar os círculos de artistas negras e negros do bairro do Harlem, onde conhece o escritor Richard Bruce Nugent (1906-1987) e o poeta Langston Hughes (1902-1967); aí faria parte do Harlem Renaissance (ou New Negro), movimento responsável por propor outra imagem da população negra estadunidense nas artes: na literatura, na dança, teatro, música etc. Durante as décadas de 1920 e 1930, a produção de Hurston foi profícua, em especial no campo…

Hutukara Associação Yanomami

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) é uma organização sem fins lucrativos que congrega os habitantes da Terra Indígena Yanomami (TIY). Criada em 2004, ela é uma das mais atuantes organizações indígenas no Brasil, exercendo um papel de articulação política e gerindo projetos voltados à proteção…

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Hutukara Associação Yanomami

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) é uma organização sem fins lucrativos que congrega os habitantes da Terra Indígena Yanomami (TIY). Criada em 2004, ela é uma das mais atuantes organizações indígenas no Brasil, exercendo um papel de articulação política e gerindo projetos voltados à proteção territorial (sobretudo frente à invasão do garimpo ilegal), manejo etnoambiental, saúde, formação, pesquisa e outras iniciativas com parcerias nacionais e internacionais envolvendo organizações públicas e civis. A criação da HAY (2004) deu-se em uma assembleia dos Yanomami na comunidade de Watorikɨ, no Amazonas, onde vive um de seus líderes, o intelectual e xamã Davi Kopenawa (1956- ). Assembleias que reuniam lideranças yanomami aconteciam desde a década de 1990, na Terra Indígena que foi…

Antropologia das infraestruturas

A relação entre práticas sociais e objetos materiais é tema recorrente na antropologia. A partir da década de 1990, com a emergência dos campos interdisciplinares dos estudos sociais da ciência e da tecnologia (ESCT) e da antropologia da ciência e da tecnologia (ACT), infraestruturas como linhas…

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Antropologia das infraestruturas

A relação entre práticas sociais e objetos materiais é tema recorrente na antropologia. A partir da década de 1990, com a emergência dos campos interdisciplinares dos estudos sociais da ciência e da tecnologia (ESCT) e da antropologia da ciência e da tecnologia (ACT), infraestruturas como linhas de energia, estradas e sistemas de informação, que ganhavam cada vez mais proeminência na esfera pública, se tornam também objetos de estudo relevantes para a pesquisa social. No ano de 1996, a antropóloga Susan Leigh Star (1954-2010) e a cientista da computação Karen Ruhleder (1962-) publicaram um artigo seminal, “Steps toward an ecology of infrastructure”, perguntando-se: “o que é uma infraestrutura?”. Concluíram que as infraestruturas não são uma coisa em si, mas um conjunto de relações entre…

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 Jean Carlos Hochsprung Miguel e Felipe Figueiredo

Instituto de Etnologia

O Instituto de Etnologia da Universidade de Paris foi fundado em 1° de agosto de 1925 por Marcel Mauss (1872-1950), Lucien Lévy-Bruhl (1857-1937) e Paul Rivet (1876-1958) como o primeiro centro universitário francês no interior de uma universidade pública voltado exclusivamente ao ensino e à…

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Instituto de Etnologia

O Instituto de Etnologia da Universidade de Paris foi fundado em 1° de agosto de 1925 por Marcel Mauss (1872-1950), Lucien Lévy-Bruhl (1857-1937) e Paul Rivet (1876-1958) como o primeiro centro universitário francês no interior de uma universidade pública voltado exclusivamente ao ensino e à pesquisa etnológica. Na história das ciências sociais francesas, ele correspondeu à mudança institucional e epistemológica ocorrida na antropologia desde a virada do século XIX para o XX em países como a Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, com a legitimação acadêmica da disciplina e a consolidação de métodos modernos de investigação empírica por meio da etnografia profissional de campo. Sua proposta inovadora atraiu pessoas de formações distintas, entre etnólogos, filósofos e escritores, indicando…

Introdução a African systems of kinship and marriage

O grande esforço comparativo em torno das sociedades africanas no qual parece culminar o chamado estrutural-funcionalismo britânico encontra-se resumido, no que diz respeito ao estudo do parentesco, em dois textos clássicos: um é o artigo de síntese e crítica escrito por Meyer Fortes (1906-1983…

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Introdução a African systems of kinship and marriage

O grande esforço comparativo em torno das sociedades africanas no qual parece culminar o chamado estrutural-funcionalismo britânico encontra-se resumido, no que diz respeito ao estudo do parentesco, em dois textos clássicos: um é o artigo de síntese e crítica escrito por Meyer Fortes (1906-1983), The structure of unilineal descent groups, de 1953; o outro é esta Introdução de Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881-1955) ao African systems of kinship and marriage, volume editado por ele e por Daryll Forde (1902-1973), e publicado com apoio da UNESCO em 1950. Trata-se, no dizer Lévi-Strauss (1908-2009), de um “verdadeiro ‘tratado”, que serve, a uma só vez, como introdução ao estudo do parentesco em geral, em especial do parentesco africano, e como uma espécie de súmula das proposições…

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Erick Nascimento Vidal e Eduardo Sierra

A invenção do cotidiano

O livro A invenção do cotidiano (1980) do historiador e antropólogo francês Michel de Certeau (1924-1986) desdobra-se em dois tomos: Artes de fazer (volume 1) e Habitar, cozinhar (volume 2), este escrito com Luce Giard, historiadora das ciências e da religião, e Pierre Mayol, aluno de Certeau. A…

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A invenção do cotidiano

O livro A invenção do cotidiano (1980) do historiador e antropólogo francês Michel de Certeau (1924-1986) desdobra-se em dois tomos: Artes de fazer (volume 1) e Habitar, cozinhar (volume 2), este escrito com Luce Giard, historiadora das ciências e da religião, e Pierre Mayol, aluno de Certeau. A obra é fruto de um trabalho coletivo realizado entre 1974 e 1977, a partir de uma encomenda do Ministério da Cultura francês interessado em questões de cultura e de sociedade, e sobre as quais Certeau trabalhara em obras precedentes, por exemplo em La culture au pluriel (1974). À proposição feita, Certeau e equipe respondem pela análise das práticas culturais cotidianas, tema a partir do qual desenvolvem uma abordagem do consumo cultural, pensado como dimensão criadora e inventiva. No primeiro…

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Bruno Ribeiro da Silva Pereira e Mariana Luiza Fiocco Machini

Jurema

O termo Jurema aparece em obras de ciências sociais e humanas para designar determinadas espécies vegetais do gênero Acácia, a exemplo da Mimosa tenuiflora. Indica também a bebida psicoativa feita a partir dos componentes desse mesmo vegetal, utilizada em rituais de comunidades indígenas e…

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Jurema

O termo Jurema aparece em obras de ciências sociais e humanas para designar determinadas espécies vegetais do gênero Acácia, a exemplo da Mimosa tenuiflora. Indica também a bebida psicoativa feita a partir dos componentes desse mesmo vegetal, utilizada em rituais de comunidades indígenas e naqueles que integram uma parte das religiões de matriz africana; nomeia, ainda, os próprios rituais cujos participantes ingerem a bebida. No que concerne à cosmovisão da Jurema, uma plêiade de símbolos está presente nos rituais que apresentam modos bastante variados de composição. Em linhas gerais, a bebida, a fumaça expelida dos cachimbos, o maracá e os cânticos são elementos comuns a quase todas as cerimônias realizadas, seja nas comunidades indígenas seja naquelas que constituem as religiões de…

Kinship and marriage among the Nuer

Publicado em 1951, Kinship and marriage among the Nuer é o segundo volume da trilogia Nuer, conjunto de monografias escrito pelo antropólogo britânico Edward E. Evans-Pritchard (1902- 1973) sobre os Nuer, povo nilótico do Sul do Sudão. Assim como suas obras Os Nuer: uma descrição do modo de…

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Kinship and marriage among the Nuer

Publicado em 1951, Kinship and marriage among the Nuer é o segundo volume da trilogia Nuer, conjunto de monografias escrito pelo antropólogo britânico Edward E. Evans-Pritchard (1902- 1973) sobre os Nuer, povo nilótico do Sul do Sudão. Assim como suas obras Os Nuer: uma descrição do modo de subsistência e das instituições políticas de um povo nilota (1940) e Nuer religion (1956), este livro é baseado em um total de doze meses de pesquisa de campo realizada sob condições adversas entre 1930 e 1936, e financiada pelo governo anglo-egípcio do Sudão. Os dez anos que separam as datas de publicação do primeiro e do segundo volume devem-se ao agravamento da II Guerra e à convocação do autor para o exército britânico. Evans-Pritchard planejara sua publicação para 1942, entretanto, durante o…

Davi Kopenawa

Davi Kopenawa é xamã e líder político do povo Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami, ativista na defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica, além de autor, roteirista, produtor cultural e palestrante. É uma das lideranças intelectuais, políticas e espirituais mais…

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Davi Kopenawa

Davi Kopenawa é xamã e líder político do povo Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami, ativista na defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica, além de autor, roteirista, produtor cultural e palestrante. É uma das lideranças intelectuais, políticas e espirituais mais importantes no panorama contemporâneo de defesa dos povos originários, do meio ambiente, da diversidade cultural e dos direitos humanos, com reconhecimento nacional e internacional. É também autor da obra A queda do céu – palavras de um xamã yanomami (2010), em coautoria com o antropólogo francês Bruce Albert. © Daniel Klajmic/Prodigo, Instituto Socioambiental, 2019 Davi Kopenawa nasceu por volta de 1956 na vila Yanomami de Marakana, ao longo do alto do rio Toototobi, a poucos quilômetros da…

Bruno Latour

Bruno Latour (1947-2022) foi um filósofo, sociólogo e antropólogo francês, conhecido por seus estudos de ciência, tecnologia e sociedade; propôs uma “antropologia simétrica” da modernidade de modo a aproximar metodologicamente etnografias realizadas em sociedades ditas tradicionais e aquelas…

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Bruno Latour

Bruno Latour (1947-2022) foi um filósofo, sociólogo e antropólogo francês, conhecido por seus estudos de ciência, tecnologia e sociedade; propôs uma “antropologia simétrica” da modernidade de modo a aproximar metodologicamente etnografias realizadas em sociedades ditas tradicionais e aquelas empreendidas em locais de produção científica, como os laboratórios. Latour propôs também uma descrição simétrica dos modos de ação de seres humanos e não humanos na composição do mundo – o que o tornou um reconhecido pensador ecológico. Jamais fomos modernos. Ensaio de antropologia simétrica (1991) apresenta uma abordagem etnográfica das práticas científicas que permite o autor formular críticas aos divisores natureza e cultura, indivíduo e sociedade, sujeito e objeto, racionalidade e poder, ciência…

Michel Leiris

Michel Leiris (1901-1990) é, a um só tempo, etnólogo, etnógrafo, poeta, memorialista e crítico de arte. Esta posição liminar franqueia-lhe o trânsito incessante pelas fronteiras epistemológicas entre esses domínios, que se retroalimentam; basta lembrar que seus sucessivos escritos…

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Michel Leiris

Michel Leiris (1901-1990) é, a um só tempo, etnólogo, etnógrafo, poeta, memorialista e crítico de arte. Esta posição liminar franqueia-lhe o trânsito incessante pelas fronteiras epistemológicas entre esses domínios, que se retroalimentam; basta lembrar que seus sucessivos escritos autobiográficos orientam-se pela preparação de fichas segundo critérios similares aos que empregou nas pesquisas etnográficas. Seu interesse pela antropologia foi suscitado por seus contatos com as vanguardas artística e literária de Paris dos anos 1920, fascinadas pelo primitivismo, e confirmado quando do trabalho na revista Documents, dirigida por Georges Bataille (1897-1962), momento em que conhece Marcel Griaule (1898-1956), que o convida a integrar a Missão etnográfica e linguística Dacar-Djibuti (1931-…

Liminaridade e communitas - Victor Turner

Victor Turner (1920-1983), antropólogo britânico que dedicou boa parte de seus esforços intelectuais ao entendimento das simbologias subjacentes aos rituais, deu contribuição significativa à compreensão das práticas rituais ao refinar a noção de liminaridade e elaborar, a partir dela, o conceito…

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Liminaridade e communitas - Victor Turner

Victor Turner (1920-1983), antropólogo britânico que dedicou boa parte de seus esforços intelectuais ao entendimento das simbologias subjacentes aos rituais, deu contribuição significativa à compreensão das práticas rituais ao refinar a noção de liminaridade e elaborar, a partir dela, o conceito de communitas. O autor concebe a ideia de liminaridade como correspondendo a um momento de margem dos ritos de passagem: fase ritual na qual os sujeitos apresentam-se indeterminados, em uma espécie de processo transitório de “morte” social, para, em seguida, “renascerem” e reintegrarem-se à estrutura social. Liminaridade é, portanto, uma condição transitória na qual os sujeitos encontram-se destituídos de suas posições sociais anteriores, ocupando um entre-lugar indefinido no qual não é possível…

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AUTORIA

Rafael da Silva Noleto e Yara de Cássia Alves

Linguagem e ritual - Pierre Bourdieu

As considerações do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) sobre as relações entre linguagem e ritual, presentes no conjunto de artigos que compõem a obra A economia das trocas linguísticas. O que falar quer dizer (1982), derivam inicialmente de uma crítica às ideias do filósofo e…

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Linguagem e ritual - Pierre Bourdieu

As considerações do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) sobre as relações entre linguagem e ritual, presentes no conjunto de artigos que compõem a obra A economia das trocas linguísticas. O que falar quer dizer (1982), derivam inicialmente de uma crítica às ideias do filósofo e linguista britânico J. L. Austin (1911-1960). Segundo Austin, a força ilocutória do discurso, sua capacidade de promover ações, encontra origem nas próprias palavras, entendidas como objetos autônomos, ideias que, em linguística, ficaram conhecidas como a “teoria dos atos da fala”. Para Bourdieu, haveria um equívoco nas formulações dos linguistas cuja origem epistemológica remonta à divisão que F. Saussure (1857-1913) realizou entre a ciência da língua (linguística interna) e a ciência dos usos sociais da…

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AUTORIA

Cibele Barbalho Assensio e Jorge Gonçalves de Oliveira Júnior

The magical power of words

A pergunta que norteia o ensaio The magical power of words (1968) do antropólogo tâmil Stanley Tambiah (1929-2014) refere-se à potência mágica que as palavras possuem no contexto ritual. O autor elege a linguística como fonte teórica para discutir a relação entre atos e palavras, de modo a…

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The magical power of words

A pergunta que norteia o ensaio The magical power of words (1968) do antropólogo tâmil Stanley Tambiah (1929-2014) refere-se à potência mágica que as palavras possuem no contexto ritual. O autor elege a linguística como fonte teórica para discutir a relação entre atos e palavras, de modo a problematizar a concepção antropológica clássica que vê o ritual como repetição de palavras, atos não verbais, manipulação de objetos e, ainda, a partir da oposição entre magia e religião. Ao descrever um complexo ritual de exorcismo no Sri Lanka, Tambiah indica que as palavras podem ser proferidas em diferentes idiomas, mostrando-se: coloquiais ou eruditas (acompanhadas de música ou oferendas de alimentos); ditas em voz baixa ou alta, ou em uma variedade de tons, hierarquias e intenções. Na forma de…

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AUTORIA

Helena de Morais Manfrinato

Manifesto ciborgue

O Manifesto ciborgue -­ ciência, tecnologia e feminismo­ socialista no final do século XX (1985) é um ensaio escrito pela bióloga e filósofa norte-americana Donna J. Haraway (1944- ). Com título que alude ao Manifesto comunista (1848) de Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto Ciborgue integra…

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Manifesto ciborgue

O Manifesto ciborgue -­ ciência, tecnologia e feminismo­ socialista no final do século XX (1985) é um ensaio escrito pela bióloga e filósofa norte-americana Donna J. Haraway (1944- ). Com título que alude ao Manifesto comunista (1848) de Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto Ciborgue integra um conjunto de posicionamentos públicos do feminismo socialista estadunidense acerca dos rumos dos movimentos sociais de esquerda desse país na década de 1980. Trata-se de uma obra central para a compreensão da crítica feminista da ciência proposta pela autora, que reverbera em suas obras posteriores, entre as quais Primate visions: gender, race, and nature in the world of modern science (1990); Simians, cyborgs and women: the reinvention of nature (1991); The companion species manifesto: dogs,…

Manual de etnografia

O Manual de etnografia (1947) é um compêndio que reúne anotações de alguns alunos do curso de “Instruções de Etnografia Descritiva” ministrado pelo antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) entre 1926 e 1940 no Instituto de Etnologia da Universidade de Paris, instituição fundada pelo próprio…

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Manual de etnografia

O Manual de etnografia (1947) é um compêndio que reúne anotações de alguns alunos do curso de “Instruções de Etnografia Descritiva” ministrado pelo antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) entre 1926 e 1940 no Instituto de Etnologia da Universidade de Paris, instituição fundada pelo próprio Mauss e por Lucien Lévy-Bruhl (1857-1937), em 1925. O curso, frequentado por público diverso, forma a primeira geração de etnólogos franceses em campo, entre os quais: Maurice Leenhardt (1878-1954), André Schaeffner (1895-1980), Marcel Griaule (1898-1956), Michel Leiris (1901-1990), Alfred Métraux (1902-1963), Denise Paulme (1909-1998), André Leroi-Gourhan (1911-1986) e Louis Dumont (1911-1998). O livro é um condensado de orientações que sugerem questões e caminhos de investigação acerca das…

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AUTORIA

Bruno Ribeiro da Silva Pereira, Gustavo dos Santos Berbel e Mariana Luiza Fiocco Machini

Marcel Mauss

Marcel Mauss nasceu em Épinal (França), a 10 de maio de 1872, onde concluiu seus primeiros estudos. Sob orientação de Émile Durkheim (1858-1917), seu tio, segue para a Universidade de Bordeaux (1887), licenciando-se em filosofia e trabalhando como professor de 1895 a 1900. Durante esse período,…

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Marcel Mauss

Marcel Mauss nasceu em Épinal (França), a 10 de maio de 1872, onde concluiu seus primeiros estudos. Sob orientação de Émile Durkheim (1858-1917), seu tio, segue para a Universidade de Bordeaux (1887), licenciando-se em filosofia e trabalhando como professor de 1895 a 1900. Durante esse período, fez estágios em universidades dos Países Baixos e do Reino Unido, dedicando-se ao estudo de história das religiões e do pensamento hindu. Na École Pratique des Hautes Études de Paris, assumiria o lugar de León Marillier na cátedra de "História das religiões dos povos não civilizados”, como docente e diretor de pesquisas (1902). O pensamento enciclopédico, erudito e moderno já estaria presente em sua aula inaugural, O ofício do etnólogo, método sociológico (1902), na qual defende um método…

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Fabiana de Andrade, Jorge Gonçalves de Oliveira Júnior e Michelle Cirne

Margaret Mead

Margaret Mead (1901-1978), antropóloga estadunidense, foi um dos expoentes da chamada escola culturalista norte-americana. Nascida na Pensilvânia, estudou psicologia e posteriormente antropologia na Universidade de Columbia (1923), momento em que o departamento era dirigido por Franz Boas (1858-…

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Margaret Mead

Margaret Mead (1901-1978), antropóloga estadunidense, foi um dos expoentes da chamada escola culturalista norte-americana. Nascida na Pensilvânia, estudou psicologia e posteriormente antropologia na Universidade de Columbia (1923), momento em que o departamento era dirigido por Franz Boas (1858-1942) e Ruth Benedict (1887-1948), ambos engajados no estabelecimento dos pressupostos teórico-metodológicos da disciplina nos Estados Unidos, na cena político-social da época e no combate ao racismo científico. Mead dedicou seus estudos ao desenvolvimento de teorias sobre as relações entre cultura e personalidade, a socialização de crianças, a sexualidade, aos papéis diferenciais de gênero e às conexões entre cultura coletiva e personalidade individual. Uma de suas muitas contribuições aos estudos…

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AUTORIA

Mariana Boujikian Felippe e Shisleni de Oliveira-Macedo

Método - Marcel Mauss

Definir um método de trabalho maussiano é tarefa no mínimo arriscada, já que em seus artigos e ensaios Marcel Mauss (1872-1950) não se preocupou em estabelecer sínteses metodológicas. Suas observações sobre o método encontram-se espalhadas em diversas análises: sobre a dádiva, a prece, a magia,…

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Método - Marcel Mauss

Definir um método de trabalho maussiano é tarefa no mínimo arriscada, já que em seus artigos e ensaios Marcel Mauss (1872-1950) não se preocupou em estabelecer sínteses metodológicas. Suas observações sobre o método encontram-se espalhadas em diversas análises: sobre a dádiva, a prece, a magia, os sentimentos, o corpo, a nação, a civilização, a moeda etc., além de presentes em notas de aula e em comunicações orais. Tal constatação não impede a localização de características marcantes do método maussiano, fundamentalmente: o caráter partilhado do trabalho sociológico e a defesa de que este deveria se basear em fatos sociais concretos. O primeiro traço do método do antropólogo francês refere-se ao trabalho coletivo como prerrogativa para desenvolver o método comparativo; a única maneira de…

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Olavo Souza Filho e Michelle Cirne

O método genealógico na pesquisa antropológica

O artigo “O método genealógico na pesquisa antropológica”, assinado por William H. R. Rivers (1864-1922), como indica o título, dedica-se à apresentação do método genealógico concebido por Rivers com auxílio de Alfred Cort Haddon (1855-1940), durante a expedição ao estreito de Torres (1898),…

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O método genealógico na pesquisa antropológica

O artigo “O método genealógico na pesquisa antropológica”, assinado por William H. R. Rivers (1864-1922), como indica o título, dedica-se à apresentação do método genealógico concebido por Rivers com auxílio de Alfred Cort Haddon (1855-1940), durante a expedição ao estreito de Torres (1898), cujo objetivo é fornecer uma base científica para a nova disciplina, pela sistematização de instrumental próprio para a análise antropológica. Sua primeira versão, “A genealogical method of collecting social and vital statistics”, é exposta à comunidade científica em 1900; após a experiência etnográfica de Rivers entre os Toda na Índia, o texto é republicado no The genealogical method of anthropology inquiry (1910). O método consiste na coleta de genealogias reais de determinado povo com base em…

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Mariana Carolina Mandelli, Michel de Paula Soares e Raphael Piva Favalli Favero

Migração - Abdelmalek Sayad

“A imigração é um fato social total” para Abdelmalek Sayad (1933-1998). Esta é certamente uma das frases mais citadas do arcabouço conceitual do sociólogo argelino. Inspirado em Marcel Mauss (1872-1950), Sayad convida a olhar para o fenômeno migratório em sua totalidade: ele toca e transforma…

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Migração - Abdelmalek Sayad

“A imigração é um fato social total” para Abdelmalek Sayad (1933-1998). Esta é certamente uma das frases mais citadas do arcabouço conceitual do sociólogo argelino. Inspirado em Marcel Mauss (1872-1950), Sayad convida a olhar para o fenômeno migratório em sua totalidade: ele toca e transforma todas as esferas das sociedades, seja a de emigração, seja a de imigração. Para investigar o fenômeno é necessário recorrer a diferentes campos de estudos; nesse sentido, a categoria migração é central em sua reflexão sobre a vida social. Esse objeto de pesquisa se impôs para o autor quando ele realizava estudos de campo com as comunidades cabilas no norte da Argélia, junto a Pierre Bourdieu (1930-2002). O trabalho levou-o a entender como a violência do colonialismo francês – e do processo de…

Moeda - Marcel Mauss

O termo moeda foi usado pelo antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) de forma menos restrita do que fora empregado antes por Bronislaw Malinowski (1884-1942) e F. Simiand (1873-1935). Para Malinowski, a designação indica não apenas objetos visando a troca, mas aqueles que permitem aferir…

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Moeda - Marcel Mauss

O termo moeda foi usado pelo antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) de forma menos restrita do que fora empregado antes por Bronislaw Malinowski (1884-1942) e F. Simiand (1873-1935). Para Malinowski, a designação indica não apenas objetos visando a troca, mas aqueles que permitem aferir valor. Para Mauss, por sua vez, o valor econômico só tem lugar com a “moeda propriamente dita”, quando as riquezas são condensadas e os signos de riqueza “impessoalizados”, isto é, separados das pessoas morais, sejam elas coletivas ou individuais. Nos escritos sobre o tema, Mauss propõe estender a noção de moeda - que pode assumir a forma de objetos variados - para além da nossa, a única, segundo ele, a preencher os critérios de uma definição estrita do termo. O cerne de seus argumentos recai sobre…

Morte social

A escravidão, definida pela despossessão total, alienação radical de si ou supressão da autonomia e dignidade em suas formas extremas, foi caracterizada pelo sociólogo jamaicano Orlando Patterson (1940- ), professor de sociologia da cátedra John Cowles na Universidade de Harvard, como uma forma…

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Morte social

A escravidão, definida pela despossessão total, alienação radical de si ou supressão da autonomia e dignidade em suas formas extremas, foi caracterizada pelo sociólogo jamaicano Orlando Patterson (1940- ), professor de sociologia da cátedra John Cowles na Universidade de Harvard, como uma forma de “parasitismo social” ou de “dominação social total”. Mais precisamente, do ponto de vista da condição do escravo, poderia ser caracterizada como uma forma de “morte social”, derivada de um ato original de violência que reduziu um homem ou mulher à escravidão. Este ato, fruto da guerra, mas também da trapaça e da rapina, entre outros fatores, afirma-se ainda em termos ideais como uma alternativa histórica à morte individual. Tal ato não significaria perdão ou remissão, mas “uma permuta…

Mules and men

Mules and men (1935) é o segundo livro publicado por Zora Neale Hurston (1891-1960), antropóloga e escritora norte-americana, nascida em Notasulga, Alabama, contemporânea de Ruth Benedict (1887-1948) e aluna de Franz Boas (1858-1942). Resultado de uma pesquisa de campo realizada na Flórida e na…

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Mules and men

Mules and men (1935) é o segundo livro publicado por Zora Neale Hurston (1891-1960), antropóloga e escritora norte-americana, nascida em Notasulga, Alabama, contemporânea de Ruth Benedict (1887-1948) e aluna de Franz Boas (1858-1942). Resultado de uma pesquisa de campo realizada na Flórida e na cidade de New Orleans na década de 1920, e seguindo o método etnográfico do culturalismo norte-americano, o livro busca descrever diversos traços culturais dos black folks (ou dos Negroes, como a literatura antropológica se referia à época), incluindo folclore, músicas, vida social, cultura material e técnicas. Ainda que publicado como produção acadêmica, o livro foi recebido como obra literária e comparado a Uncle Remus (1881), romance de Joel Chandler Harris. O romance, um sucesso à época…

Kabengele Munanga

Kabengele Munanga nasceu em 1940, em Bakwa-Kalonji, República Democrática do Congo (ex-Zaire e ex-colônia belga). Graduou-se em antropologia social e cultural pela Universidade Oficial do Congo, em 1969, tornando-se o primeiro antropólogo de seu país. Ao longo de sua trajetória, produziu mais de…

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Kabengele Munanga

Kabengele Munanga nasceu em 1940, em Bakwa-Kalonji, República Democrática do Congo (ex-Zaire e ex-colônia belga). Graduou-se em antropologia social e cultural pela Universidade Oficial do Congo, em 1969, tornando-se o primeiro antropólogo de seu país. Ao longo de sua trajetória, produziu mais de 150 trabalhos, entre livros, capítulos de livros e artigos. Seus principais temas de pesquisa são racismo, identidade negra, negritude, multiculturalismo, educação e relações étnico-raciais, políticas antirracistas. Seus estudos de pós-graduação se iniciaram na Universidade Católica de Louvain, Bélgica. No início de seu doutoramento o antropólogo dedicou-se a pesquisar as artes africanas. Entretanto, ao retornar ao seu país de origem para mais uma temporada de trabalho de campo, foi…

Museu de Arqueologia e Etnologia da USP

O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP) é um dos quatro museus estatutários da USP ao lado do Museu de Arte Contemporânea (MAC), do Museu Paulista e do Museu de Zoologia, e foi criado em 1989 por meio da Resolução nº 3560 de 11 de agosto de 1989, na gestão do…

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Museu de Arqueologia e Etnologia da USP

O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP) é um dos quatro museus estatutários da USP ao lado do Museu de Arte Contemporânea (MAC), do Museu Paulista e do Museu de Zoologia, e foi criado em 1989 por meio da Resolução nº 3560 de 11 de agosto de 1989, na gestão do então reitor, o físico José Goldemberg (1928- ). Por meio dessa Resolução foram reunidos, numa única instituição, os componentes arqueológico e etnográfico do Museu Paulista, o acervo etnográfico Plínio Ayrosa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o Instituto de Pré-História e o antigo Museu de Arqueologia e Etnologia – este último criado inicialmente em 1964, como Museu de Arte e Arqueologia pelo professor de História Antiga, Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses (1936- ) da…

Museu Paulista

Sediado em um edifício que foi erguido às margens do Ipiranga para celebrar a independência do Brasil, o Museu Paulista (MP), popularmente conhecido como Museu do Ipiranga, é o primeiro museu público fundado no estado de São Paulo e o maior monumento erguido em São Paulo durante o Império.…

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Museu Paulista

Sediado em um edifício que foi erguido às margens do Ipiranga para celebrar a independência do Brasil, o Museu Paulista (MP), popularmente conhecido como Museu do Ipiranga, é o primeiro museu público fundado no estado de São Paulo e o maior monumento erguido em São Paulo durante o Império. Construído pelo engenheiro e arquiteto Tommaso Gaudenzio Bezzi (1844-1915), o Monumento do Ipiranga foi inaugurado em 1893, já durante a República. Dois anos depois, o museu seria instalado no interior do edifício-monumento. Seu acervo inicial foi composto pela tela Independência ou Morte (1888), de Pedro Américo (1843-1905), e por uma antiga coleção particular, o chamado Museu Sertório. As autoridades republicanas decidem, entretanto, dedicá-lo principalmente à aquisição de coleções de história…

Laura Nader

Laura Nader (1930-) é uma antropóloga estadunidense, que obtém reconhecimento sobretudo por “estudar os de cima” (studying up), isto é, pela execução do exercício antropológico entre grupos dominantes na cultura ocidental, como colonizadores, burocratas e corporações. Defende que, uma vez…

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Laura Nader

Laura Nader (1930-) é uma antropóloga estadunidense, que obtém reconhecimento sobretudo por “estudar os de cima” (studying up), isto é, pela execução do exercício antropológico entre grupos dominantes na cultura ocidental, como colonizadores, burocratas e corporações. Defende que, uma vez realizada entre diferentes camadas, a antropologia lograria uma visão mais ampla das questões sociais, estabelecendo conexões, por exemplo, entre políticas de crédito bancário discriminatórias (ligadas aos “de cima”) e a pobreza (associada aos “de baixo”). Nader concluiu seu doutorado em 1961 pela Universidade de Harvard, sob orientação de Clyde Kluckhohn (1905-1960). Ingressou como professora na Universidade da Califórnia em Berkeley no ano de 1960, tendo sido a primeira mulher contratada em regime de…

Nascimento virgem

“Nascimento virgem” é um conceito formulado por antropólogos do fim do século XIX e início do XX para designar a dissociação entre cópula e gravidez, operada por alguns povos da Austrália e das Ilhas Trobriand, na costa oriental da Nova Guiné. Ao longo do século XX, o tema se desenvolve em…

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Nascimento virgem

“Nascimento virgem” é um conceito formulado por antropólogos do fim do século XIX e início do XX para designar a dissociação entre cópula e gravidez, operada por alguns povos da Austrália e das Ilhas Trobriand, na costa oriental da Nova Guiné. Ao longo do século XX, o tema se desenvolve em controvérsias em torno do significado de tal dissociação: se ela denotaria, ou não, “ignorância” da paternidade fisiológica. Foi nas décadas de 1960 e 1970 que o embate encontrou o seu ápice, naquela que ficou conhecida como a "polêmica do nascimento virgem", culminando na revisão crítica feita a partir de teorias feministas nas décadas seguintes. Bronisław Malinowski (1884-1942) trata do nascimento virgem nas Ilhas Trobriand, por exemplo, em A vida sexual dos selvagens (1929). Aí, o antropólogo…

Beatriz Nascimento

Maria Beatriz Nascimento (1942-1995) nasceu em Aracaju, estado do Sergipe. É a oitava filha de Rubina Pereira do Nascimento e Francisco Xavier do Nascimento, que migram para a cidade do Rio de Janeiro no final de 1949. Beatriz ingressa no curso de História da Universidade Federal do Rio de…

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Beatriz Nascimento

Maria Beatriz Nascimento (1942-1995) nasceu em Aracaju, estado do Sergipe. É a oitava filha de Rubina Pereira do Nascimento e Francisco Xavier do Nascimento, que migram para a cidade do Rio de Janeiro no final de 1949. Beatriz ingressa no curso de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no ano de 1968, concluindo a graduação em 1971. Sob orientação do historiador José Honório Rodrigues, realiza estágio de pesquisa no Arquivo Nacional e trabalha como professora de história da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. Especialista em história do Brasil pela Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca-se por suas pesquisas voltadas ao estudo do que denomina de “sistemas sociais alternativos organizados por pessoas negras”, investigando dos quilombos às favelas; suas…

Naven

Publicada originalmente em 1936, Naven: um esboço dos problemas sugeridos por um retrato compósito, realizado a partir de três perspectivas da cultura de uma tribo da Nova Guiné é uma obra baseada no trabalho de campo que Gregory Bateson (1904-1980) realizou entre os Iatmul (povo das terras…

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Naven

Publicada originalmente em 1936, Naven: um esboço dos problemas sugeridos por um retrato compósito, realizado a partir de três perspectivas da cultura de uma tribo da Nova Guiné é uma obra baseada no trabalho de campo que Gregory Bateson (1904-1980) realizou entre os Iatmul (povo das terras baixas do rio Sepik, Nova Guiné), ao longo de 1929 e 1932. Uma das principais contribuições da obra é fazer do comportamento ritual o centro da investigação antropológica. A monografia focaliza as atitudes observadas durante o ritual nativo naven, analisando-as a partir de diferentes pontos de vista científicos, parciais mas complementares entre si. A cerimônia que dá título ao livro ocorre para comemorar realizações culturalmente valorizadas de um jovem iatmul. Sua principal figura é o tio materno…

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AUTORIA

Eduardo Santos Gonçalves Monteiro e Rodrigo Rossi Mora Brusco

Curt Nimuendajú

Curt Nimuendajú (1883-1945) é considerado o maior especialista dos povos indígenas no Brasil na primeira metade do século XX e um personagem chave na constituição da antropologia brasileira. Quatro décadas dedicadas à etnologia indígena e trinta e quatro pesquisas de campo realizadas com cerca…

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Curt Nimuendajú

Curt Nimuendajú (1883-1945) é considerado o maior especialista dos povos indígenas no Brasil na primeira metade do século XX e um personagem chave na constituição da antropologia brasileira. Quatro décadas dedicadas à etnologia indígena e trinta e quatro pesquisas de campo realizadas com cerca de 50 grupos indígenas representam os ingredientes principais de sua biografia. Embora autodidata e sem formação acadêmica, os trabalhos e contribuições de Nimuendajú são amplamente reconhecidos no meio acadêmico contemporâneo, em antropologia e áreas afins. Nimuendajú nasceu como Curt Unckel em 17 de abril de 1883 na cidade de Jena, Turíngia, Alemanha. Órfão de pai e mãe nos primeiros anos de vida, cursou o ginásio e ingressou como operário especializado em uma empresa de instrumentos óticos.…

Nuer religion

Nuer religion (1956) faz parte da trilogia escrita pelo antropólogo britânico Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973) sobre os Nuer, povo que vivia, na época do trabalho de campo do autor, entre 1930 e 1936, às margens do rio Nilo, ao sul da então colônia britânica do Sudão. As incursões do…

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Nuer religion

Nuer religion (1956) faz parte da trilogia escrita pelo antropólogo britânico Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973) sobre os Nuer, povo que vivia, na época do trabalho de campo do autor, entre 1930 e 1936, às margens do rio Nilo, ao sul da então colônia britânica do Sudão. As incursões do antropólogo às terras nuer resultaram nas obras Os Nuer: uma descrição do modo de subsistência e das instituições políticas de um povo nilota (1940), Kinship and marriage among the Nuer (1951) e Nuer religion (1956), monografias consideradas clássicas que refletem acerca da política, da ecologia, do parentesco e da filosofia religiosa nuer. Nesta última obra, o antropólogo lança mão de noções ocidentais, como Deus e pecado, para desconstruí-las, delineando novas categorias a partir de termos e…

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AUTORIA

Aline Aranha, Gabriela Freire e Hélio Menezes

Paisagem - Tim Ingold

Desenvolvida por Tim Ingold (1948- ) ao longo de sua obra a partir da leitura de etnografias variadas e de trabalhos de ciências humanas, naturais e da filosofia – em particular de Jakob von Uexküll (1864-1944), Martin Heidegger (1889-1976), James Gibson (1904-1979) e Maurice Merleau-Ponty (1908…

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Paisagem - Tim Ingold

Desenvolvida por Tim Ingold (1948- ) ao longo de sua obra a partir da leitura de etnografias variadas e de trabalhos de ciências humanas, naturais e da filosofia – em particular de Jakob von Uexküll (1864-1944), Martin Heidegger (1889-1976), James Gibson (1904-1979) e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) –, a noção de paisagem (landscape) é pensada a partir de inúmeros processos que se verificam na passagem do tempo, na forma de registros duradouros de vidas e da atividade de gerações de seres, incluídos aí seres humanos, animais e plantas, assim como ciclos geológicos e atmosféricos. Paisagens estão intimamente relacionadas à temporalidade; são histórias e nos oferecem modos de contar histórias mais profundas sobre o mundo. Mas “temporalidade” não se confunde com “cronologia”, sucessão…

Panema

Palavra de origem tupi, panema designa um conceito conhecido desde o início do período colonial, estando presente nas obras de cronistas dessa época como As singularidades da França Antárctica (1978 [1557]) de André Thévet (1502-1590) e o Tesoro de la lengua guaraní (1639) de Antonio Ruiz de…

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Panema

Palavra de origem tupi, panema designa um conceito conhecido desde o início do período colonial, estando presente nas obras de cronistas dessa época como As singularidades da França Antárctica (1978 [1557]) de André Thévet (1502-1590) e o Tesoro de la lengua guaraní (1639) de Antonio Ruiz de Montoya (1585-1652). Como tantas outras palavras e ideias de origem tupi, o termo circulou pela América do Sul e hoje é usado por comunidades de pescadores, de seringueiros, por quilombolas, por populações urbanas, e adotado por indígenas de outras famílias linguísticas. Em línguas caribe, aruaque, yanomami, arikém, jê, katukina, pano, jabuti e tikuna, por exemplo, existem termos próprios que guardam sentidos análogos ao de panema. Seus significados mais conhecidos são o de azar, má sorte e…

Performance - Victor Turner

O conceito de performance em Victor Turner (1920-1983) resulta da convergência entre as pesquisas antropológicas do autor sobre os rituais - considerados capazes de suspender o fluxo da vida cotidiana e de desestabilizar relações predeterminadas pela estrutura social -  e o seu interesse pelo…

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Performance - Victor Turner

O conceito de performance em Victor Turner (1920-1983) resulta da convergência entre as pesquisas antropológicas do autor sobre os rituais - considerados capazes de suspender o fluxo da vida cotidiana e de desestabilizar relações predeterminadas pela estrutura social -  e o seu interesse pelo teatro como fonte de conceitos e metáforas para entender a vida social. É buscando transpor o modelo de análise dos rituais em sociedades pré-industriais para sociedades em larga escala que Turner se volta para as performances culturais, que reencenam modelos tradicionais de representação e dão lugar a uma criatividade que desestabiliza esses mesmos modelos. As performances têm, segundo ele, caráter “liminóide”: produzem situações que estão fora (ou entre) posições sociais determinadas, o que destaca…

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AUTORIA

Laís Gomes Borges

Perspectivismo ameríndio

O perspectivismo ameríndio diz respeito à síntese conceitual operada por Eduardo Viveiros de Castro (1951-) e Tânia Stolze Lima para tratar de uma importante matriz filosófica amazônica no que se refere à natureza relacional dos seres e da composição do mundo. O conceito sintetiza uma série de…

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Perspectivismo ameríndio

O perspectivismo ameríndio diz respeito à síntese conceitual operada por Eduardo Viveiros de Castro (1951-) e Tânia Stolze Lima para tratar de uma importante matriz filosófica amazônica no que se refere à natureza relacional dos seres e da composição do mundo. O conceito sintetiza uma série de fenômenos e elaborações encontrados em etnografias anteriores sobre os povos ameríndios. De forma geral, a noção se refere a concepções indígenas que estabelecem que os seres providos de alma reconhecem a si mesmos e  àqueles a quem são aparentados como humanos, mas são percebidos por outros seres na forma de animais, espíritos ou modalidades de não humanos. A construção dessa humanidade compartilhada se efetiva pela construção dos corpos. Quer dizer: a humanidade só se torna visível para quem…

Pode o subalterno falar?

Pode o Subalterno falar? é um dos textos mais debatidos da crítica literária e feminista indiana Gayatri Chakravorty Spivak (1942-). Nele, a autora busca mostrar, por meio de diversos questionamentos à noção de sujeito, como o intelectual ocidental tende a se tornar um agente transparente do…

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Pode o subalterno falar?

Pode o Subalterno falar? é um dos textos mais debatidos da crítica literária e feminista indiana Gayatri Chakravorty Spivak (1942-). Nele, a autora busca mostrar, por meio de diversos questionamentos à noção de sujeito, como o intelectual ocidental tende a se tornar um agente transparente do conhecimento, ao criar representações dos sujeitos do Terceiro Mundo, que os produzem como um Outro subalterno. Enredado entre o imperialismo, que incita a violência epistêmica da lei e educação coloniais, e as elites nativas (cujos interesses se alinham aos dos colonizadores), o subalterno, ou a subalterna, na modulação de gênero, para Spivak, é um sujeito que não pode falar. O texto foi escrito entre 1982 e 1983 e publicado originalmente no periódico Wedge em 1985. Mas sua repercussão coincidiu com…

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Sasha Cruz Alves Pereira

A prece

A prece (1909) é um fragmento da tese de doutorado inacabada do antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950), na qual ele argumenta que o fenômeno constitui um dos elementos centrais da vida religiosa, de maneira que uma análise da evolução das formas da oração permitiria demonstrar o processo…

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A prece

A prece (1909) é um fragmento da tese de doutorado inacabada do antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950), na qual ele argumenta que o fenômeno constitui um dos elementos centrais da vida religiosa, de maneira que uma análise da evolução das formas da oração permitiria demonstrar o processo de evolução da religião em geral. O estudo da prece, nos termos do autor, segue uma metodologia de tipo histórico-genético, em que a análise se inicia a partir de formas consideradas mais elementares, para chegar até formas ditas mais complexas. O objetivo é mostrar como as segundas surgiram a partir das primeiras, descrevendo a ordem de sua gênese por meio de uma sucessão histórica. Ao apresentar a metodologia proposta, Mauss faz uma comparação com outra possibilidade metodológica, de tipo…

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Alice Haibara e Maria Izabel Zanzotti de Oliveira

Jean Price-Mars

Jean Price-Mars (1876-1969) foi um antropólogo, professor, diplomata e político haitiano, cujo trabalho antropológico examinou sobretudo a cultura e a religião populares haitianas, suas origens africanas e europeias, e sua relação com o colonialismo e a escravidão. Seus escritos e atuação como…

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Jean Price-Mars

Jean Price-Mars (1876-1969) foi um antropólogo, professor, diplomata e político haitiano, cujo trabalho antropológico examinou sobretudo a cultura e a religião populares haitianas, suas origens africanas e europeias, e sua relação com o colonialismo e a escravidão. Seus escritos e atuação como intelectual público foram fundamentais para a constituição da Antropologia em seu país; para a transformação da imaginação nacional haitiana; para a Négritude – movimento artístico e literário francófono das décadas de 1930 e 1940, que buscava valorizar e desenvolver as tradições culturais africanas e afrodiaspóricas – e para os pensamentos caribenho e pan-africanista. Jean Price-Mars cresceu em uma família de classe média do norte do Haiti, recebeu uma educação religiosa de seu pai protestante e…

Manuel Querino

Manuel Raymundo Querino (1851-1923) nasceu homem livre em Santo Amaro da Purificação, Bahia, no dia 28 de julho de 1851, ainda na vigência da escravização, e faleceu em Salvador no dia 14 de fevereiro de 1923, na primeira fase da República. Foi escritor, jornalista, historiador, além de…

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Manuel Querino

Manuel Raymundo Querino (1851-1923) nasceu homem livre em Santo Amaro da Purificação, Bahia, no dia 28 de julho de 1851, ainda na vigência da escravização, e faleceu em Salvador no dia 14 de fevereiro de 1923, na primeira fase da República. Foi escritor, jornalista, historiador, além de militante abolicionista; foi ainda um dos alunos fundadores da Academia e Escola de Belas Artes da Bahia e membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Desenvolveu precocemente trabalhos de natureza etnográfica no Brasil, muito embora não tenha sido reconhecido na época em que viveu e nem mesmo após a sua morte, em função do racismo reinante no país e em suas instituições. Durante a infância, a epidemia de cólera de 1855 matou sua mãe e seu pai. Órfão, foi enviado a uma casa de caridade e…

A representação coletiva da morte

A importância do ensaio A representação coletiva da morte (1907) do antropólogo francês Robert Hertz (1881-1915) reside em antecipar debates que tomarão protagonismo na antropologia posterior, por exemplo em obras de Arnold Van Gennep (1873-1957) e Victor Turner (1920-1983) sobre ritos de…

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A representação coletiva da morte

A importância do ensaio A representação coletiva da morte (1907) do antropólogo francês Robert Hertz (1881-1915) reside em antecipar debates que tomarão protagonismo na antropologia posterior, por exemplo em obras de Arnold Van Gennep (1873-1957) e Victor Turner (1920-1983) sobre ritos de passagem e liminaridade, avançando discussões sobre a centralidade dos rituais na vida social, sobre a sua função minimizadora de efeitos nocivos diante de mudanças de estados vividas pelas sociedades, e chamando a atenção ainda para importância das etapas intermediárias, ambíguas e indefinidas, presentes em diversos ritos. Hertz realiza um estudo sobre práticas e crenças relativas à morte com foco nas duplas exéquias para mostrar que não se está diante de um fenômeno inteligível apenas em âmbito…

A representação do eu na vida cotidiana

A Representação do eu na vida cotidiana (1959) é o primeiro e um dos mais conhecidos livros do sociólogo canadense Erving Goffman (1922-1982). Nele, o autor propõe uma abordagem microssociológica para interpretar a vida social a partir de uma análise das interações face a face, lançando mão de…

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A representação do eu na vida cotidiana

A Representação do eu na vida cotidiana (1959) é o primeiro e um dos mais conhecidos livros do sociólogo canadense Erving Goffman (1922-1982). Nele, o autor propõe uma abordagem microssociológica para interpretar a vida social a partir de uma análise das interações face a face, lançando mão de vocabulário e perspectiva provenientes do teatro. O livro se ampara no material de sua tese de doutorado, fruto de pesquisa etnográfica junto a uma comunidade agrícola nas Ilhas Shetland, e em uma miríade de outros exemplos extraídos da vida cotidiana. Nos sete capítulos que compõem a obra, o autor observa pequenos detalhes das interações humanas. A vida social é compreendida como um palco em que se encenam papéis sociais diversos, de modo que o indivíduo não é o mesmo em todas as circunstâncias:…

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Diogo Barbosa Maciel e Gustavo dos Santos Berbel

Os ritos de passagem

No livro Os ritos de passagem (1909), o antropólogo franco-holandês Arnold van Gennep (1873-1957) dedica-se ao estudo dos rituais a partir de vasto conjunto de dados etnográficos, identificando uma classe específica de ritos, que ele denomina ritos de passagem. Sob essa classe de ritos, indica o…

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Os ritos de passagem

No livro Os ritos de passagem (1909), o antropólogo franco-holandês Arnold van Gennep (1873-1957) dedica-se ao estudo dos rituais a partir de vasto conjunto de dados etnográficos, identificando uma classe específica de ritos, que ele denomina ritos de passagem. Sob essa classe de ritos, indica o autor, é possível agrupar uma grande variedade de rituais que observam um padrão recorrente de distribuição cerimonial, de acordo com a proposta geral da obra de estabelecer uma esquematização dos mecanismos rituais, ou “as razões de ser das sequências cerimoniais”. Van Gennep decompõe os ritos de passagem em três categorias: “ritos de separação”, “ritos de margem” e “ritos de agregação”, que permitem entender o funcionamento das passagens que se expressam no ritual. Todos os ritos de passagem…

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Renan Arnault e Victor Alcantara e Silva

Ritual - Roy Wagner

O “ritual” é, para Roy Wagner (1938-2018), análogo à “cultura”: ambos constituem um estilo interpretativo, um modo criativo que se utiliza de distinções convencionais para improvisar e produzir a diferença. A diferença entre eles é que o conceito de “cultura” é mobilizado para designar fenômenos…

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Ritual - Roy Wagner

O “ritual” é, para Roy Wagner (1938-2018), análogo à “cultura”: ambos constituem um estilo interpretativo, um modo criativo que se utiliza de distinções convencionais para improvisar e produzir a diferença. A diferença entre eles é que o conceito de “cultura” é mobilizado para designar fenômenos mais abrangentes, enquanto o “ritual” é parte da “cultura” e constituiu uma modalidade específica de ação criativa que opera dentro dela como um controle. A especificidade do rito reside, em primeiro lugar, no seu caráter não-cotidiano; trata-se de uma ação que metaforiza distinções sociais tidas como dadas durante a vida regular do grupo. A motivação para essa manipulação deliberada das convenções sociais é a necessidade de controlar uma situação ou evento diferenciante que, tomado como uma força…

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Augusto Ventura dos Santos e Olavo de Souza Pinto Filho

William Halse Rivers

Nascido na cidade de Chatham, região do Kent, Inglaterra, William Halse R. Rivers (1864-1922) conclui sua graduação em medicina, aos 22 anos, obtendo o título de doutor na Universidade de Londres, dois anos depois. Em 1891, trabalha como médico residente no National Hospital for the Paralysed…

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William Halse Rivers

Nascido na cidade de Chatham, região do Kent, Inglaterra, William Halse R. Rivers (1864-1922) conclui sua graduação em medicina, aos 22 anos, obtendo o título de doutor na Universidade de Londres, dois anos depois. Em 1891, trabalha como médico residente no National Hospital for the Paralysed and Epileptic, período em que publica estudos nas áreas de psicologia e neurologia. A fim de especializar-se nesses campos, muda-se para a Alemanha, onde irá estudar na Universidade de Iena com o psiquiatra Emil Kraepelin. De volta à Inglaterra, assume o Laboratório de Psicologia na University College London, tornando-se, em 1897, o primeiro professor em psicologia fisiológica e experimental da Universidade de Cambridge. Na primeira década do século XX, Rivers produz uma série de artigos nos campos…

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Mariana Carolina Mandelli, Michel de Paula Soares e Raphael Piva Favalli Favero

Jean Rouch

Jean Rouch (1917-2004), matemático e engenheiro de formação, atuou entre a antropologia e o cinema, campos, para ele, inseparáveis. Sua obra e pensamento encontram repercussão nos dois domínios, sendo que sua extensa produção de filmes etnográficos - mais de 120 filmes, a maioria produzida na…

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Jean Rouch

Jean Rouch (1917-2004), matemático e engenheiro de formação, atuou entre a antropologia e o cinema, campos, para ele, inseparáveis. Sua obra e pensamento encontram repercussão nos dois domínios, sendo que sua extensa produção de filmes etnográficos - mais de 120 filmes, a maioria produzida na África ocidental -  se sobrepõe, do ponto de vista dos rebatimentos posteriores, aos seus escritos. Seu primeiro contato com a África data de 1941, quando esteve no Níger como engenheiro, interessando-se pela etnografia e pelo uso da imagem. De volta à França inicia um doutorado em antropologia sob a orientação de Marcel Griaule (1898-1956), que culmina com as teses Contribution à l’histoire des Songhay (tese complementar, 1953) e La religion et la magie Songhay, (tese principal, 1960).  Ligado ao…

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Ana Carolina Estrela da Costa

The Sanusi of Cyrenaica

Permanecendo ainda desconhecida para grande parte dos leitores do antropólogo britânico Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973), The sanusi of Cyrenaica (1949) é um estudo histórico sobre o desenvolvimento político da fraternidade islâmica conhecida como Ordem Sanusiya na região da Cirenaica, na…

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The Sanusi of Cyrenaica

Permanecendo ainda desconhecida para grande parte dos leitores do antropólogo britânico Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973), The sanusi of Cyrenaica (1949) é um estudo histórico sobre o desenvolvimento político da fraternidade islâmica conhecida como Ordem Sanusiya na região da Cirenaica, na costa da Líbia. No período em que o autor viveu no Egito, lecionando na Universidade do Cairo (1932-1934), quando veio a conhecer alguns exilados Sanusi, Evans-Pritchard teve a oportunidade de viajar por diversas regiões do norte da África, adquirindo conhecimento sobre a história e a cultura beduínas, além de domínio da língua árabe. Durante a II Guerra Mundial, como oficial político da Terceira Administração Militar Britânica da Cirenaica, o autor passou dois anos (1942-1943) entre os beduínos…

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Fábio Ribeiro e Rafael Hupsel

Abdelmalek Sayad

Abdelmalek Sayad (1933-1998) nasceu em Aghbala, na comuna cabila de Beni Djellil, na Argélia, país marcado por mais de um século pelo regime colonial francês (1830-1962). Subdesenvolvimento, destruição de vilas e suprimentos, deslocamentos forçados, campos de reagrupamento populacional…

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Abdelmalek Sayad

Abdelmalek Sayad (1933-1998) nasceu em Aghbala, na comuna cabila de Beni Djellil, na Argélia, país marcado por mais de um século pelo regime colonial francês (1830-1962). Subdesenvolvimento, destruição de vilas e suprimentos, deslocamentos forçados, campos de reagrupamento populacional monitorados pelo exército francês e, ainda, a presença constante da Organisation Armée Secrète [Organização Armada Secreta] (OAS), grupo paramilitar francês, compõem o ambiente social vivido por ele. Único filho homem de uma família de camponeses, recebeu do pai, liderança política local, apoio e suporte para se formar. Torna-se professor de ensino escolar e, paralelamente, entre 1958 e 1961, continua seus estudos na Universidade de Argel, onde, sob orientação do sociólogo Pierre Bourdieu (1930-2002), forma…

Max Schmidt

Max Schmidt (1874-1950) foi um etnólogo alemão americanista mais conhecido por seus trabalhos sobre diversos povos indígenas no Brasil, sobretudo no Mato Grosso e no Paraguai, e por seus estudos comparativos sobre os povos indígenas falantes de línguas Aruak (ou Aruaque). Chamam a atenção tanto…

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Max Schmidt

Max Schmidt (1874-1950) foi um etnólogo alemão americanista mais conhecido por seus trabalhos sobre diversos povos indígenas no Brasil, sobretudo no Mato Grosso e no Paraguai, e por seus estudos comparativos sobre os povos indígenas falantes de línguas Aruak (ou Aruaque). Chamam a atenção tanto sua biografia incomum quanto suas opções teóricas e metodológicas pouco convencionais para a época. Além disso, pode ser considerado um precursor da antropologia econômica na primeira metade do século XX. Schmidt nasceu em 16 de dezembro de 1874 em Altona, hoje um bairro da cidade de Hamburgo, no seio de uma família relativamente abastada. De início, tudo indicava que ele seguiria o caminho profissional do pai, um advogado; mas após cursar direito nas universidades de Tübingen, Berlim e Kiel, e…

Sexo e temperamento em três sociedades primitivas

Escrito por Margaret Mead (1901-1978), Sexo e temperamento em três sociedades primitivas (1935), consolidou a antropóloga como autora de sucesso, abrindo caminho para o seu reconhecimento como pioneira nos estudos de relações de gênero. Fruto de trabalho de campo realizado em Papua-Nova Guiné,…

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Sexo e temperamento em três sociedades primitivas

Escrito por Margaret Mead (1901-1978), Sexo e temperamento em três sociedades primitivas (1935), consolidou a antropóloga como autora de sucesso, abrindo caminho para o seu reconhecimento como pioneira nos estudos de relações de gênero. Fruto de trabalho de campo realizado em Papua-Nova Guiné, na companhia do antropólogo Reo Fortune (1903-1979), seu marido na ocasião, o estudo se concentra em três povos da região do rio Sepik: os Arapesh, os Mundugumor e os Tchambuli (Chambri). Mead observou as personalidades atribuídas a homens e mulheres em cada uma dessas sociedades, concluindo que características psicológicas femininas e masculinas (os temperamentos) não são inatas, mas padrões culturais aprendidos e ensinados de uma geração a outra, sustentando, com isso, a ideia de que a cultura…

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Mariana Boujikian Felippe e Shisleni de Oliveira-Macedo

Sistema sexo-gênero - Gayle Rubin

Que relações são essas por meio das quais uma mulher se torna uma mulher oprimida? Com essa pergunta em mente e com o objetivo de buscar uma explicação para a origem da opressão às mulheres, a antropóloga e militante feminista estadunidense Gayle Rubin (1949-) apontou, em 1975, a  existência de…

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Sistema sexo-gênero - Gayle Rubin

Que relações são essas por meio das quais uma mulher se torna uma mulher oprimida? Com essa pergunta em mente e com o objetivo de buscar uma explicação para a origem da opressão às mulheres, a antropóloga e militante feminista estadunidense Gayle Rubin (1949-) apontou, em 1975, a  existência de um “sistema sexo-gênero”, que ela define como “os arranjos por meio dos quais uma sociedade transforma a sexualidade biológica em produto da atividade humana”. O ensaio em que apresenta o conceito, O tráfico de mulheres, notas sobre a economia política do sexo (1975), é um dos trabalhos precursores dos estudos sobre gênero e sexualidade. Usando o termo gênero pela primeira vez em um texto de teoria antropológica, a autora faz uma leitura a contrapelo de obras de Karl Marx (1818-1883), Claude Lévi-…

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Gabriela Moncau

Sobre o sacrifício

No ensaio clássico Ensaio sobre a natureza e a função do sacrifício (1899), os antropólogos franceses Marcel Mauss (1872-1950) e Henri Hubert (1872-1927) compreendem o sacrifício como um rito que põe em movimento o conjunto das coisas sagradas às quais se dirige; procedimento que estabelece uma…

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Sobre o sacrifício

No ensaio clássico Ensaio sobre a natureza e a função do sacrifício (1899), os antropólogos franceses Marcel Mauss (1872-1950) e Henri Hubert (1872-1927) compreendem o sacrifício como um rito que põe em movimento o conjunto das coisas sagradas às quais se dirige; procedimento que estabelece uma comunicação entre o mundo sagrado e o mundo profano por intermédio de uma vítima, ou seja, de um ser vivo destruído durante a cerimônia. Dedicados ao esquema do ritual, os autores investem na compreensão da unidade do sistema sacrificial, e não em suas origens. Os sacrifícios se distinguem em pessoais, que incidem sobre a pessoa do sacrificante, e objetivos, que incidem sobre um objeto, por exemplo, uma casa. Atuam no rito: o sacrificante, que oferece o sacrifício (e que na entrada do culto é…

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Rodrigo Valentim Chiquetto e Valéria Oliveira Santos

Sociedade contra o Estado - Pierre Clastres

A noção de sociedade contra o Estado é desenvolvida pelo filósofo e etnólogo francês Pierre Clastres (1934-1977) nos escritos reunidos em A sociedade contra o Estado, 1974 e Arqueologia da violência (1980). Por meio dela, o autor refuta a ideia de que a evolução das sociedades deve ser medida…

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Sociedade contra o Estado - Pierre Clastres

A noção de sociedade contra o Estado é desenvolvida pelo filósofo e etnólogo francês Pierre Clastres (1934-1977) nos escritos reunidos em A sociedade contra o Estado, 1974 e Arqueologia da violência (1980). Por meio dela, o autor refuta a ideia de que a evolução das sociedades deve ser medida pela presença ou ausência do Estado ou por um maior, ou menor grau, de centralização de poder, dirigindo duras críticas ao grande divisor entre sociedades com e sem poder, corroborado por diferentes modelos de análise política como, por exemplo, os de Meyer Fortes (1906-1983) e Edward Evan Evans-Pritchard (1902-1973) na obra African Political Systems (1940). A antropologia política praticada até então, segundo P. Clastres, analisava as sociedades ditas arcaicas sob a ótica da filosofia política euro-…

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Aline Aranha e Gabriela Freire

Tabu do incesto - Claude Lévi-Strauss

A regulamentação da relação entre os sexos (ou tabu do incesto), presente em todas as sociedades humanas e válida em todos os tempos, foi um grande problema das ciências sociais nos séculos XIX e XX. Claude Lévi-Strauss (1908-2009) se debruçou sobre a questão em As estruturas elementares do…

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Tabu do incesto - Claude Lévi-Strauss

A regulamentação da relação entre os sexos (ou tabu do incesto), presente em todas as sociedades humanas e válida em todos os tempos, foi um grande problema das ciências sociais nos séculos XIX e XX. Claude Lévi-Strauss (1908-2009) se debruçou sobre a questão em As estruturas elementares do parentesco (1949), oferecendo uma nova chave explicativa que alteraria os estudos do parentesco ao considerar a proibição de relações sexuais entre membros de um mesmo grupo familiar um fenômeno simultaneamente natural e social. Esta regra universal redefine a unidade elementar – ou o átomo primordial – do parentesco, que não mais se confunde com a descendência e com a família elementar, como em Radcliffe-Brown (1881-1955), por exemplo, mas é centrada na aliança entre grupos. Às discussões sobre as…

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Roberta de Queiroz Hesse e Maria Carolina Fernandes

Stanley Tambiah

Nascido no Ceilão (atual Sri Lanka) de família tâmil, o antropólogo Stanley Jeyaraja Tambiah (1929-2014) iniciou sua trajetória acadêmica nas áreas de sociologia e economia. Fluente em cingalês, inglês e tâmil, graduou-se na Universidade do Ceilão (1951), no Sri Lanka, e obteve o doutorado em…

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Stanley Tambiah

Nascido no Ceilão (atual Sri Lanka) de família tâmil, o antropólogo Stanley Jeyaraja Tambiah (1929-2014) iniciou sua trajetória acadêmica nas áreas de sociologia e economia. Fluente em cingalês, inglês e tâmil, graduou-se na Universidade do Ceilão (1951), no Sri Lanka, e obteve o doutorado em sociologia na Universidade de Cornell (1954), nos Estados Unidos. Foi antropólogo da Unesco na Tailândia (1960-1963) e integrou os quadros acadêmicos da Universidade de Cambridge, como lecturer do King’s College (1963-1972). Em seguida (1973-1976) teve uma breve passagem como docente na Universidade de Chicago, acabando por se fixar permanentemente na Universidade de Harvard (1976-). Ainda que sociólogo de formação, Tambiah manteve contato estreito e permanente com a antropologia, sendo sua tese de…

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Helena de Morais Manfrinato

As técnicas do corpo

Em As técnicas do corpo (1934), comunicação apresentada à Sociedade de Psicologia, o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) trata de um domínio até então nublado pela noção tradicional de tecnologia, entendida como instrumento envolvido no ato de manipulação. Às técnicas dos instrumentos,…

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As técnicas do corpo

Em As técnicas do corpo (1934), comunicação apresentada à Sociedade de Psicologia, o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) trata de um domínio até então nublado pela noção tradicional de tecnologia, entendida como instrumento envolvido no ato de manipulação. Às técnicas dos instrumentos, Mauss opõe um conjunto de técnicas do corpo, ao qual confere um papel preliminar: o corpo é o primeiro instrumento do homem, e ainda, o primeiro objeto e meio técnico do homem. Atribuindo à noção de técnica o que chama de ato tradicional eficaz, Mauss afirma não existir técnica nem transmissão se não houver tradição. Técnicas do corpo referem-se então aos modos pelos quais as pessoas sabem servir-se de seus corpos de maneira tradicional, o que varia de uma sociedade a outra.  Ao analista,…

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Alice Haibara e Valéria Oliveira Santos

O totemismo hoje

No ano de 1962 Claude Lévi-Strauss (1908-2009) publicou dois livros concebidos no interior de um mesmo projeto: O totemismo hoje e O pensamento selvagem. Ambos tratam de questões relativas ao modo como populações outrora consideradas primitivas operam classificações a partir de índices concretos…

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O totemismo hoje

No ano de 1962 Claude Lévi-Strauss (1908-2009) publicou dois livros concebidos no interior de um mesmo projeto: O totemismo hoje e O pensamento selvagem. Ambos tratam de questões relativas ao modo como populações outrora consideradas primitivas operam classificações a partir de índices concretos do mundo natural, como espécies animais e vegetais. O livro O totemismo hoje nasce de uma encomenda do historiador das religiões Georges Dumézil (1898-1986) para a coleção Mythes et religions, dirigida por ele. A obra cresce e se desdobra em duas publicações, que conhecem destinos diferentes: o primeiro é lido nos círculos especializados; o segundo tem impacto no debate filosófico mais amplo. Em ambos, a inspiração de Lévi-Strauss na linguística estrutural é reafirmada, e a antropologia estrutural…

Victor Turner

Victor Whitter Turner (1920-1983) é um antropólogo britânico cujas investigações sobre os ritos em geral e sobre a eficácia dos símbolos nos processos rituais e sociais, em particular, se tornaram referências fundamentais não apenas para a antropologia, mas para as ciências sociais e humanas em…

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Victor Turner

Victor Whitter Turner (1920-1983) é um antropólogo britânico cujas investigações sobre os ritos em geral e sobre a eficácia dos símbolos nos processos rituais e sociais, em particular, se tornaram referências fundamentais não apenas para a antropologia, mas para as ciências sociais e humanas em geral. Suas contribuições para a teoria antropológica ligam-se, entre outras, às noções de liminaridade e communitas, assim como às ideia de drama social e performance. Sua trajetória acadêmica esteve marcada de perto pela chamada Escola de Manchester, na qual se destaca o nome de Max Gluckman (1911-1975), seu orientador e influência marcante em parte de sua obra. Nascido em Glasgow, Escócia, Turner graduou-se no University College of London (1949), onde foi premiado com a bolsa de estudos Robert…

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Laís Gomes Borges

Le vaudou haïtien

Pouco mais de meio século após a sua primeira publicação, em 1958, Le vaudou haïtien, do antropólogo suíço naturalizado estadunidense, Alfred Métraux (1902-1963), se mantém, ainda hoje, como uma das principais referências para aqueles que se dedicam ao tema. Baseado em trabalho etnográfico…

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Le vaudou haïtien

Pouco mais de meio século após a sua primeira publicação, em 1958, Le vaudou haïtien, do antropólogo suíço naturalizado estadunidense, Alfred Métraux (1902-1963), se mantém, ainda hoje, como uma das principais referências para aqueles que se dedicam ao tema. Baseado em trabalho etnográfico intensivo, o livro tem como objetivo realizar uma sistematização, até então inédita, do conhecimento sobre o vodu haitiano. Trata-se de uma tentativa de apreender a religião em sua totalidade, começando pela história e pelos contextos econômicos e sociais (temas do primeiro e segundo capítulos do livro); passando por sua cosmologia e rituais (abordados no terceiro e quarto), por suas ligações com a magia e a bruxaria (quinto capítulo), chegando, por fim, à sua profunda relação com o cristianismo (…

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Júlia Vilaça Goyatá e Flávia Freire Dalmaso

Veiled sentiments: honor and poetry in a Bedouin society

Veiled sentiments: honor and poetry in a bedouin society (1986), referência no seio da antropologia das formas expressivas e das emoções, é o primeiro livro publicado pela antropóloga norte americana Lila Abu-Lughod (1952-). A obra trata dos elos complexos entre organização sócio-política,…

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Veiled sentiments: honor and poetry in a Bedouin society

Veiled sentiments: honor and poetry in a bedouin society (1986), referência no seio da antropologia das formas expressivas e das emoções, é o primeiro livro publicado pela antropóloga norte americana Lila Abu-Lughod (1952-). A obra trata dos elos complexos entre organização sócio-política, sistema moral e expressão dos sentimentos entre os Awlad 'Ali, população beduína do Egito Ocidental, junto à qual ela realizou seu trabalho de campo no início da década de 1980. Em uma interpelação crítica a abordagens limitadas à homogeneidade do discurso oficial da cultura sobre ela mesma e aos modelos individualistas de tratamento das emoções, a autora constrói seu argumento em torno do contraste entre dois modos discursivos coexistentes entre os beduínos: o da vida ordinária, pautado pela honra e…

Violência - Veena Das

A violência é um dos temas centrais da obra da antropóloga indiana Veena Das (1945-), que tem como um de seus eixos a reflexão sobre como grandes acontecimentos históricos e políticos se desdobram em situações cotidianas. Nesse contexto, o problema da violência, de longa tradição nas ciências…

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Violência - Veena Das

A violência é um dos temas centrais da obra da antropóloga indiana Veena Das (1945-), que tem como um de seus eixos a reflexão sobre como grandes acontecimentos históricos e políticos se desdobram em situações cotidianas. Nesse contexto, o problema da violência, de longa tradição nas ciências sociais e na antropologia, assume contornos inovadores em função de uma “perspectiva subjetivista”, atenta às experiências cotidianas, narrativas, emoções e percepções dos sujeitos. A dimensão da violência que a autora privilegia relaciona-se à atmosfera por ela produzida e que se infiltra nas relações sociais. A tentativa de compreender o modo como a violência afeta a vida ordinária aparece nos anos 1980, a partir de trabalho de campo realizado em regiões periféricas de Nova Deli, capital da Índia…

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AUTORIA

Carolina Parreiras e Paula Lacerda

Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno

Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno (2019) é uma coletânea de dez artigos da antropóloga norte-americana Anna Lowenhaupt Tsing (1952- ), publicados na segunda década do século XXI em revistas acadêmicas ou como capítulos de livros. O conjunto heterogêneo de artigos reúne…

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Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno

Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno (2019) é uma coletânea de dez artigos da antropóloga norte-americana Anna Lowenhaupt Tsing (1952- ), publicados na segunda década do século XXI em revistas acadêmicas ou como capítulos de livros. O conjunto heterogêneo de artigos reúne contribuições de Tsing à antropologia contemporânea, especialmente no que diz respeito às práticas etnográficas, às metodologias de pesquisa e aos conceitos que atravessam seu trabalho, tais como paisagem, ruínas, escalabilidade, assembleia - no sentido de assemblage, associada à ideia de agencement do filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995) - e “feralidade”, isto é, o efeito das reações não projetadas de não humanos nas infraestruturas humanas. Segundo a autora, o objetivo do livro é inspirar…

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AUTORIA

André Guilherme Moreira, Bianca Laurino e Tainá Scartezini

Roy Wagner

Roy Wagner (1938–2018) é um antropólogo estadunidense conhecido por seus estudos sobre parentesco na Melanésia, especialmente entre os Daribi na Nova Guiné, e sobretudo pela crítica que realiza à noção antropológica de cultura, em A invenção da cultura (1975). Invenção refere-se aí a uma série…

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Roy Wagner

Roy Wagner (1938–2018) é um antropólogo estadunidense conhecido por seus estudos sobre parentesco na Melanésia, especialmente entre os Daribi na Nova Guiné, e sobretudo pela crítica que realiza à noção antropológica de cultura, em A invenção da cultura (1975). Invenção refere-se aí a uma série de convenções (culturais) que motivam a criação de novos símbolos que, com o tempo, tendem a se convencionalizar e motivar novas invenções. Um dos postulados do livro – “todo ser humano é um antropólogo” – trouxe consequências para uma geração de pesquisadores. Wagner mostrou como, em campo, não apenas os antropólogos elaboram suas teorias sobre a cultura estudada, como também os nativos elaboram suas hipóteses em relação ao etnógrafo e ao seu contexto. Decorre daí seu conceito de “antropologia…

Women writing culture

Women writing culture (1995) é uma coletânea organizada pelas antropólogas feministas norte-americanas Ruth Behar (1956-) e Deborah A. Gordon, composta por dezessete ensaios dedicados a revisar o cânone antropológico e a trazer a contribuição de mulheres à antropologia para o centro do debate. A…

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Women writing culture

Women writing culture (1995) é uma coletânea organizada pelas antropólogas feministas norte-americanas Ruth Behar (1956-) e Deborah A. Gordon, composta por dezessete ensaios dedicados a revisar o cânone antropológico e a trazer a contribuição de mulheres à antropologia para o centro do debate. A obra é resultado de uma conferência organizada por Behar em 1991 na Universidade de Michigan, intitulada Women writing culture: anthropology and its other voices, além de tributária do artigo “Women writing culture: another telling of the story of american anthropology”, publicado pela autora em 1993. A coletânea volta-se para duas crises: a chamada “crise da representação”, que teve origem na crítica pós-moderna à tradição colonialista e às estruturas de poder subjacentes às formas de produção de…